A Bahia pode sofrer perdas de até R$ 2,6 bilhões em exportações devido à tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, anunciada em 9 de julho de 2025. A medida, que entra em vigor a partir de 1º de agosto, afeta diretamente setores estratégicos como indústria e agronegócio, com a celulose e produtos petroquímicos entre os mais impactados no estado.
Impactos econômicos na Bahia
A decisão de Trump, comunicada por meio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleva as tarifas sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos, com o objetivo de corrigir o que o presidente americano considera uma relação comercial desequilibrada. Na Bahia, o setor industrial é o mais vulnerável, especialmente segmentos como celulose, petroquímica e cacau. Segundo a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), as exportações baianas para os EUA somaram US$ 440 milhões no primeiro semestre de 2025, equivalente a cerca de 1% do PIB estadual. A celulose tradicional, responsável por 16,2% das vendas baianas ao mercado americano, está entre os produtos mais afetados, junto com manteiga e licor de cacau, pneus e derivados petroquímicos como benzeno e paraxileno.
“Estas tarifas podem inviabilizar exportações importantes da Bahia para os Estados Unidos”, afirmou o governador Jerônimo Rodrigues, que planeja reunir representantes da indústria e do agronegócio para avaliar os impactos.
Setores agrícolas também em risco
Além da indústria, o agronegócio baiano enfrenta desafios. A Bahia é um importante exportador de produtos como soja, cacau, manga, café e algodão, que podem perder competitividade no mercado americano. A tarifa de 50% eleva os custos dos produtos brasileiros, dificultando a concorrência com outras nações. No entanto, especialistas apontam que o setor de celulose pode encontrar alternativas em mercados como a China, que mantém alta demanda por esse produto.
Contexto e motivações da medida
A imposição das tarifas por Trump ocorre em um cenário de tensões comerciais globais, agravadas por políticas protecionistas. A carta enviada a Lula menciona o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos motivos para a retaliação, classificando o processo como uma “vergonha internacional”. Além disso, Trump argumenta que o Brasil pratica tarifas de importação cinco vezes superiores às dos EUA, justificando a medida como uma busca por reciprocidade comercial.
Repercussão e medidas do governo baiano
O governador Jerônimo Rodrigues anunciou que a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) está elaborando uma nota técnica para detalhar os impactos da medida. Uma reunião com representantes da Fieb, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e do setor de serviços está agendada para 14 de julho, com o objetivo de discutir estratégias para mitigar os prejuízos. A Fieb expressou preocupação com a possível perda de competitividade de setores como celulose e petroquímica, alertando para o risco de excedente de produtos no mercado interno.
“O aumento expressivo da oferta, sem tempo hábil para redirecionamento a novos mercados, pode fazer com que o preço caia, o que beneficiaria o consumidor interno a curto prazo”, explica Tiago Matos, especialista em comércio exterior.
Efeitos no bolso dos baianos
A curto prazo, a redução das exportações pode levar a uma maior oferta de produtos no mercado interno, potencialmente diminuindo preços de itens como cacau e derivados. No entanto, a médio prazo, especialistas preveem um aumento nos preços para compensar a perda de mercado externo e a desvalorização do real frente ao dólar, impactando o custo de vida dos baianos. A relação comercial entre Bahia e EUA, que movimentou cerca de R$ 21,6 bilhões em 2024, enfrenta um cenário de incerteza.
Estado atual da situação
O governo baiano intensifica esforços para avaliar os impactos e buscar alternativas, como a diversificação de mercados para produtos afetados. A nível nacional, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) analisa o cenário para propor respostas conjuntas ao governo federal. Enquanto isso, a tarifa de 50% segue programada para entrar em vigor em 1º de agosto, com possibilidade de ajustes dependendo das negociações entre Brasil e Estados Unidos.