Áudios obtidos pelo portal Metrópoles mostraram uma negociação que envolve a devolução de parte de uma emenda parlamentar. As gravações apontam para uma integrante do Partido Liberal (PL) em Rio Claro (SP) cobrando valores de repasse a uma prefeitura da região.
O que os áudios dizem
As mensagens foram atribuídas a Amanda Servidoni, que se identificou como “assessora” da deputada estadual licenciada Valéria Bolsonaro (PL), hoje secretária de Políticas para a Mulher do governo Tarcísio de Freitas. Segundo as apurações, Amanda não ocupava cargo oficial na secretaria.
Amanda é ex-servidora da Prefeitura de Rio Claro e presidia o projeto social “Mulheres pela Fé”, do qual Valéria Bolsonaro era madrinha. Na quinta-feira (23), a secretária inaugurou um escritório político em Rio Claro no mesmo imóvel onde funciona a sede do projeto.
Em um dos áudios, Amanda trata da devolução de R$ 100 mil de uma emenda de R$ 300 mil destinada a uma prefeitura não identificada. Na gravação, ela diz que parte dos recursos deveria ser repassada de volta à interlocutora. O trecho transcrito na reportagem registra a fala atribuída a Amanda:
Ele [prefeito] vai gastar 100k com a pista, entendeu? Com a… com a coisa. E nós estamos dando 300. Desses 300 eu quero pelo menos uns 100, entendeu? Não quero 10%, filho. Vocês não sabem fazer negócio. Se ele falou que ele vai gastar com a… com o caminho 100, ele vai tá ganhando 200 e nós 30?
Escopo, resposta e desdobramentos
Outros áudios, segundo a reportagem, sugerem que a atuação de Amanda poderia envolver diferentes cidades do interior paulista, com ela fazendo a ponte entre prefeituras e parlamentares estaduais e federais.
Procurada, Amanda confirmou ser autora do áudio, mas negou que se tratasse de negociação de emendas parlamentares. Ela afirmou: “Trabalho com projetos”, e disse que “não tem nada a declarar”.
- Local: Rio Claro (SP).
- Valores mencionados: emenda de R$ 300 mil; R$ 100 mil citados como devolução.
- Posição citada: ligação com a deputada Valéria Bolsonaro e com o projeto “Mulheres pela Fé”.
Não há, nos materiais tornados públicos até o momento, indícios de desdobramentos administrativos ou judiciais imediatos. Resta acompanhar se haverá apuração formal sobre as gravações.

