O relatório anual do Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido desenha um cenário claro: ataques de alto impacto estão aumentando e já ameaçam rotinas e serviços que usamos todos os dias.
O quadro
Segundo o documento, incidentes classificados como “altamente significativos” cresceram 50% no último ano. No total, o NCSC — ligado ao GCHQ — registrou 429 incidentes, sendo que 18 tiveram consequências graves para o governo, a economia e serviços públicos.
Entre as ameaças estatais apontadas estão China, Rússia, Irã e a Coreia do Norte. As ocorrências de importância nacional passaram a acontecer quase diariamente, o que levou autoridades a pedir ação imediata do setor privado.
O que explica o avanço
O relatório associa o aumento à proliferação de ransomware e à maior dependência de tecnologia por empresas e serviços — ou seja, há mais alvos vulneráveis. Casos de destaque mencionados incluem ataques que afetaram a Marks & Spencer e o Co-op Group.
Ministros chegaram a enviar cartas a líderes empresariais pedindo que a segurança digital seja tratada como prioridade pelos conselhos de administração. Anne Keast-Butler, diretora do GCHQ, foi direta: “Não seja um alvo fácil”.
Inteligência artificial e futuro próximo
O uso de inteligência artificial por atores maliciosos vem aumentando. O NCSC não identificou, até agora, ataques totalmente conduzidos por IA, mas prevê que a tecnologia represente um desafio significativo até 2027.
Recomendações práticas
Como resposta, as autoridades intensificaram a comunicação com o setor privado e recomendam revisão imediata dos planos de contingência. Entre as medidas destacadas estão:
- Tratar a segurança digital como prioridade do conselho de administração;
- Rever e testar planos de contingência com urgência;
- Fortalecer a cooperação entre setor público e privado para partilha de informação e resposta a incidentes.
O tom do relatório é de alerta: é preciso agir agora. Nas palavras de Richard Horne, diretor do NCSC, “Os invasores estão mais capazes e indiferentes aos danos que causam”.