O deputado federal Mário Negromonte Júnior, presidente do Progressistas (PP) na Bahia, disse que o partido não descarta apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em 2026. A declaração foi dada em entrevista ao portal A Tarde e acontece após a formalização da federação União Progressista, que reúne PP e União Brasil. Segundo o dirigente, há divergências internas e a sigla pretende preservar autonomia nas decisões locais.
O que foi dito
Negromonte Júnior afirmou que o cenário para 2026 ainda está em aberto dentro do PP. De um lado, há quem defenda caminhar com Jerônimo Rodrigues; de outro, integrantes que preferem tratar com a oposição. O presidente estadual frisou que o partido “não se curvará a imposições” da nova federação e que as decisões serão construídas com diálogo, respeitando a história de cada legenda.
Além do posicionamento sobre 2026, o deputado disse que pretende seguir no comando do PP baiano. Qualquer mudança, segundo ele, passará por consulta à própria base — prefeitos, ex-prefeitos, lideranças regionais e familiares. A linha, resume, é a da escuta antes de fechar qualquer movimento.
O que é a União Progressista
A União Progressista (UPb) foi formalizada em Brasília com direção compartilhada pelo senador Ciro Nogueira (PP) e por Antônio Rueda (União Brasil). O arranjo reúne PP e União Brasil e, no plano nacional, forma uma das maiores bancadas do Congresso: 109 deputados federais e 15 senadores, além de capilaridade nos estados e municípios. No desenho jurídico, uma federação partidária funciona como uma “união estável” entre siglas: elas atuam juntas por um período determinado, compartilham regras e estrutura, mas preservam diretórios e identidades.
Na prática, esse modelo tende a organizar estratégias nacionais e formar blocos mais robustos no Legislativo. No entanto, também costuma tensionar dinâmicas estaduais, onde alianças passam por histórias locais, disputas regionais e agendas próprias.
Autonomia na Bahia: até onde vai
Ao reafirmar a autonomia do PP na Bahia, Negromonte Júnior sinaliza que as decisões sobre apoio ao governo estadual levarão em conta o contexto baiano — e não apenas diretrizes nacionais. Essa posição é relevante por dois motivos. Primeiro, porque delimita espaço de manobra para negociar com governo e oposição sem “carimbo” automático da federação. Segundo, porque preserva a governabilidade interna do PP, evitando fissuras entre grupos municipais que podem ter preferências diferentes.
O recado, portanto, é de que a federação não amarra o PP baiano a um lado específico em 2026. E que a direção estadual se reserva o direito de discutir composição, programa e palanque com base no que julgar melhor para a sigla e para sua base de prefeitos e lideranças.
O cálculo político para 2026
O debate antecipado sobre apoio a Jerônimo Rodrigues tem implicações concretas. Se a opção for caminhar com o governador, o PP fortalece laços com a administração estadual e pode ampliar participação em agendas e projetos regionais. Ganha previsibilidade e potencial de coesão em municípios que já dialogam com o governo. Por outro lado, se a escolha for se alinhar à oposição, o partido tenta ocupar um espaço de contraponto que, em certos territórios, pode render protagonismo e palanque competitivo, especialmente onde gestores municipais buscam diferenciação.
Há, ainda, o fator federação. Embora a UPb una forças de PP e União Brasil no plano nacional, cada estado tem sua própria equação. A Bahia é um desses casos em que a tradição local, o arranjo de prefeituras e a distribuição de lideranças tornam a decisão mais complexa. Nesse cenário, a defesa da “escuta e diálogo” — como frisou Negromonte Júnior — funciona tanto como método quanto como mensagem ao eleitorado e aos aliados: o partido quer tempo para negociar.
O que observar nos próximos meses
Alguns movimentos devem orientar a leitura do tabuleiro baiano até 2026:
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Posicionamento de lideranças municipais: prefeitos e ex-prefeitos tendem a influenciar a balança, sobretudo em regiões onde o PP tem densidade eleitoral.
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Interlocução com o governo estadual: eventuais agendas compartilhadas e resultados concretos em áreas-chave (infraestrutura, saúde, educação) pesam na decisão final.
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Relação com a direção nacional da federação: mesmo com autonomia, expectativas de alinhamento podem emergir em votações estratégicas e na montagem de chapas.
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Movimentos da oposição: a capacidade de apresentar projeto competitivo, com narrativa e coalizão amplas, é variável relevante para o PP.
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Configuração das chapas proporcionais: cálculo de quociente eleitoral, distribuição regional de candidaturas e proteção de bases locais também entram na conta.
Por que isso importa para o leitor
Para quem acompanha a política baiana, a posição do PP é peça-chave na montagem das alianças de 2026. Em estados com presença capilar de prefeitos progressistas, a escolha do partido influencia não só o palanque majoritário, mas também a disputa proporcional, a composição de futuras bancadas e a gestão de recursos em nível local. Para o eleitor, clareza sobre alianças e programas ajuda a avaliar compromissos e resultados esperados.
O que falta saber
Algumas informações ainda não estão definidas: quem liderará as negociações em cada região, qual será a posição final das principais correntes internas do PP e até que ponto a direção nacional da federação atuará para uniformizar decisões estaduais. Também não há, por ora, calendário público de deliberação interna sobre o apoio em 2026. A sinalização, por enquanto, é de que a conversa seguirá com as bases antes de qualquer anúncio.