Um projeto para instalar um data center do TikTok em Caucaia, no Ceará, orçado em cerca de R$ 55 bilhões, tornou-se foco de disputa depois que o grupo indígena Anacé afirmou que a obra ocorria em área por eles reivindicada.
O que está em disputa
Em poucas palavras: os Anacé pediram a suspensão imediata do licenciamento ambiental e a anulação das licenças já concedidas. Entre as alegações principais estão:
- Falta de consulta prévia aos indígenas, um direito previsto em convenção da Organização Internacional do Trabalho, que, segundo o relato, não teria sido respeitado.
- O grupo diz ocupar a região desde o início do século XVII, mas não teria título oficial sobre o território — um ponto que as autoridades teriam usado para não levar adiante a consulta.
- Preocupações ambientais, especialmente sobre o consumo de água: o projeto estimava uso diário de cerca de 30 mil litros, valor que a comunidade, formada por aproximadamente 1.500 famílias, considera subestimado em comparação a empreendimentos similares.
Como resultado, os indígenas questionaram o processo de licenciamento e exigiram que ele fosse paralisado até que as demandas fossem esclarecidas.
Posições das partes
A Casa dos Ventos, responsável pela construção prevista, afirmou que a área escolhida não se sobrepõe a terras indígenas tituladas e que o licenciamento ambiental seguiu as normas. O TikTok não se pronunciou oficialmente sobre a disputa.
Contexto mais amplo
O caso ocorre em um momento de maior demanda por data centers, impulsionada pelo avanço da inteligência artificial, enquanto autoridades brasileiras buscam atrair investimentos de grandes empresas de tecnologia. Ao mesmo tempo, reacende questões sobre como grandes projetos se encaixam no ecossistema de energia renovável do Nordeste — incluindo estados como a Bahia, onde a energia eólica e outras fontes renováveis são relevantes.
Por enquanto, não há confirmação pública sobre prazos para reavaliação das licenças ou realização de audiências. As reivindicações dos Anacé seguem pendentes de decisão pelos órgãos competentes — um nó que ainda precisa ser desatado.