A relação entre Brasil e Estados Unidos acaba de atingir o seu ponto mais crítico em dois séculos. Nesta quarta-feira (30), o ex-presidente Donald Trump deu um passo sem precedentes ao aplicar a Lei Global Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). É a primeira vez que um brasileiro é alvo dessa medida dura, geralmente aplicada a ditadores e terroristas.
Mas afinal, o que isso significa para o Brasil?
Na prática, Trump colocou Moraes ao lado de nomes como Bashar al-Assad, da Síria, ou aliados de Nicolás Maduro, da Venezuela. Com as sanções, qualquer ativo de Moraes em território americano fica bloqueado, ele não pode negociar com cidadãos ou empresas dos EUA e está proibido de entrar no país. Essa atitude, segundo diplomatas brasileiros, é um ataque direto à independência do Judiciário brasileiro.
E o governo americano não poupou nas críticas. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, Moraes estaria liderando uma “campanha de censura e prisões arbitrárias”, acusando-o de atuar como juiz e carrasco numa “caça às bruxas ilegal” contra americanos e brasileiros. O recado dado por Washington é claro: outros ministros do STF podem ser os próximos alvos.
O papel da família Bolsonaro
Não é coincidência que essa decisão ocorra após meses de lobby do deputado Eduardo Bolsonaro nos EUA. Morando no país desde março, Eduardo comemorou a decisão, sugerindo que o objetivo é justamente pressionar o STF e impedir o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, marcado para setembro. Em outras palavras, o que está em jogo é uma disputa interna sendo internacionalizada pelos Bolsonaro.
Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump e próximo dos Bolsonaro, celebrou ironicamente as sanções: “Toma essa, Moraes. Finalmente a punição chegou ao Lúcifer”. Segundo ele, há mais punições no caminho contra o Supremo brasileiro.
Reação de Lula e Defesa da Soberania
A reação brasileira veio imediatamente, em tom duro e claro. O presidente Lula classificou a ação dos EUA como “inaceitável” e declarou solidariedade a Moraes. Lula acusou diretamente políticos brasileiros de traição por colaborarem com um ataque estrangeiro contra a soberania nacional. Nas palavras dele, “Justiça não se negocia”.
O STF também já deixou claro que não irá ceder. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, reforçou que o cronograma dos julgamentos, inclusive de Bolsonaro, está mantido para setembro. Segundo ministros, o ataque americano pode unir ainda mais o tribunal.
Impacto Econômico e as Tarifas
Além das sanções a Moraes, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, valendo a partir de 6 de agosto. Os setores afetados são estratégicos, como café, carne, frutas e calçados. Só o setor pesqueiro, altamente dependente dos EUA, já prevê um colapso.
Curiosamente, setores como o de suco de laranja, petróleo e aeronaves foram poupados, algo que Eduardo Bolsonaro atribuiu ao seu lobby. Ainda assim, a economia brasileira já prevê prejuízos significativos, especialmente no Ceará e em São Paulo.
Diplomacia em Alerta Máximo
A diplomacia brasileira está em estado de emergência. O chanceler Mauro Vieira afirmou que o Brasil não irá ceder às pressões, apesar de deixar portas abertas para o diálogo. No entanto, diplomatas admitem que Trump está ultrapassando limites perigosos, colocando a relação bilateral à beira de um colapso histórico.
O preço dessa resistência pode ser alto. O FMI já alertou que as tarifas podem levar o Brasil a uma desaceleração econômica preocupante, dividindo empresários brasileiros sobre como reagir.
Uma Crise Que Vai Além da Política
Essa crise não se limita ao governo atual ou ao anterior. O que está em jogo é algo mais profundo: a capacidade do Brasil de manter sua autonomia frente a uma superpotência que ameaça diretamente suas instituições democráticas.
Como resumiu um especialista: “Estamos diante da pior crise entre Brasil e EUA da história”. O futuro das relações bilaterais, e até mesmo o conceito de soberania democrática no século XXI, será definido pelos próximos passos dessa “guerra de nervos”.
E você, leitor, como acha que o Brasil deve reagir diante desse desafio histórico?