Brasil e Arábia Saudita realizaram um acordo sigiloso para a criação de uma fábrica própria de explosivos militares no reino saudita, a primeira instalação do tipo no país. A operação está em curso através da empresa brasileira Mac Jee, sediada em São José dos Campos (SP), atendendo às demandas sauditas que almejam, até o ano de 2030, serem autossuficientes na demanda militar por explosivos e espoletas de detonação de bombas.
Uma operação sigilosa
De acordo com o jornal Estadão, a autorização para a venda de equipamentos e serviços ao governo saudita foi concedida ainda em 2018, durante os últimos meses do governo de Michel Temer. Entretanto, as etapas fundamentais do projeto foram discutidas e executadas já no governo de Jair Bolsonaro, que concedeu um aumento nas autorizações para exportação de tecnologia militar aos sauditas.
A construção da fábrica, que conta com uma área de aproximadamente 500 mil metros quadrados, está situada nas dependências da Saudi Chemical Company Limited (SCCL), maior companhia de produção de energia civil e militar da Arábia Saudita.
O processo de autorização e contratação decorreu sob sigilo, e o valor do contrato permanece desconhecido.
A participação brasileira na construção
A construção da fábrica, que empregou mão de obra e tecnologia brasileira, faz parte de um conjunto de investimentos militares do reino saudita. Durante o processo de construção, comitivas do governo Bolsonaro e do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, visitaram a Arábia Saudita para discutir uma série de assuntos.
Em uma dessas visitas, o governo saudita teria presenteado Bento Albuquerque com joias avaliadas em R$ 5 milhões. O ministro tentou entrar no Brasil com esses itens de maneira ilegal, levando à descoberta do caso, que agora está sob investigação.
