Imagine centenas de pássaros, antes livres em seu habitat natural, confinados em gaiolas, prontos para serem vendidos ilegalmente. Pois bem, um duro golpe contra essa crueldade foi dado na última sexta-feira (22), na Bahia. Uma megaoperação, batizada de ‘Voo Livre‘, mobilizou o Ministério Público do Estado (MP-BA), a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal, e resultou na prisão em flagrante de quatro criminosos envolvidos no tráfico interestadual de animais silvestres. Foram cumpridos nada menos que 13 mandados de busca e apreensão em Poções, Iguaí e Boa Nova, cidades do interior baiano.
Quem eram esses quatro? Um deles, um comerciante, era o cérebro por trás das vendas, o ‘chefe’ da quadrilha. Outros dois cuidavam da parte mais ‘suja’: capturavam as aves e ajudavam nas negociações. E o quarto elo? Ele era o responsável por levar os bichinhos, ilegalmente, para outros estados. Graças a essa ação, centenas de aves – entre elas papa capim, sabiá, chorão e pássaro preto – foram resgatadas e ganharam uma nova chance. E os ‘carros de fuga’ dos criminosos, aquelas motocicletas usadas na captura, também foram apreendidas.
O Esquema Cruel por Trás das Grades
Pensa que era simples? Nem um pouco! As investigações revelaram um esquema pra lá de engenhoso e, claro, cruel. A cidade de Poções funcionava como um verdadeiro centro de distribuição desse mercado ilegal, com rotas que se estendiam principalmente até São Paulo. O alvo? Aves capturadas no Parque Nacional de Boa Nova, um tesouro da nossa biodiversidade.
E como eles agiam? Primeiro, as aves eram capturadas nas áreas de preservação. Depois, ficavam ‘escondidas’ temporariamente em casas na cidade. O próximo passo era a venda em feiras livres de Poções. Mas a parte mais chocante era o transporte interestadual: eles usavam ônibus de linha, e pasmem, aliciavam passageiros para se passarem pelos ‘donos’ dos animais caso houvesse alguma fiscalização. Uma verdadeira teia de ilegalidade!
O promotor de Justiça Mateus Alves Cavalcanti resumiu bem a importância dessa ação:
“A operação, além de ser importante para a conservação da fauna silvestre, coíbe a atuação do mercado clandestino e ilegal das aves na feira livre de Poções e em outros estados, nos quais os animais são vendidos.”
A ‘Operação Voo Livre‘ é um passo gigante na luta contra o crime organizado que, infelizmente, explora nossa rica biodiversidade. Esse tipo de tráfico não só machuca os animais e o meio ambiente, mas também fortalece outras atividades ilícitas e prejudica a todos nós. Mas a batalha não para por aqui: as investigações continuam com força total para desmantelar de vez essa rede criminosa e tirar de circulação todos os envolvidos nesse triste comércio.