O silêncio do Fórum de Delmiro Gouveia será quebrado nesta segunda-feira, 19 de maio, quando os olhos da população sertaneja se voltarão para o julgamento que promete encerrar um dos casos mais impactantes da região. Paulo Ricardo Vanderlei, conhecido como “Paulo do Sofá”, enfrentará o júri popular pelo assassinato do próprio irmão, Marcos Alex Gomes, ocorrido há quase dois anos.
A sessão, marcada para iniciar às 8h da manhã, representa o desfecho de uma tragédia familiar que dividiu opiniões e abalou a pacata cidade do Alto Sertão alagoano desde outubro de 2023. O crime, que ocorreu na Praça do Desvio, teve como estopim uma disputa sobre os cuidados com a mãe idosa dos irmãos.
“Este caso mobilizou toda a comunidade local pela brutalidade e pelo vínculo familiar entre vítima e acusado. O júri popular é o momento em que a sociedade, representada pelos jurados, decidirá sobre o destino do réu”, explica o delegado Rodrigo Rocha Cavalcanti, responsável pelas investigações.
Segundo apurado pela polícia, a relação entre os irmãos já estava deteriorada há meses. A família de Paulo alega que a disputa começou quando a mãe dos envolvidos foi diagnosticada com problemas de saúde, possivelmente Alzheimer. Marcos acusava o irmão de realizar empréstimos no nome da idosa sem consentimento, enquanto Paulo afirmava que o irmão não cumpria suas responsabilidades nos cuidados maternos.
O desentendimento escalou para violência física no dia 9 de outubro de 2023. Testemunhas relataram que, após uma discussão acalorada, Marcos teria agredido Paulo com um capacete. Em resposta, Paulo desferiu um golpe fatal com objeto perfurocortante na região do peito da vítima. Marcos chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Após o crime, Paulo permaneceu foragido por nove meses, entregando-se à polícia em julho de 2024, acompanhado de seu advogado. Desde então, responde ao processo sob custódia.
Julgamento decisivo
O Ministério Público sustentará a tese de homicídio qualificado, enquanto a defesa deve argumentar legítima defesa ou homicídio privilegiado, alegando que Paulo agiu sob forte emoção.
A população local demonstra grande interesse no desfecho do caso. “Todo mundo conhecia os dois irmãos. É uma situação muito triste que dividiu até famílias aqui na cidade”, comenta Maria Josefa, comerciante local que acompanhará o julgamento.