Um táxi autônomo da Waymo foi parado pela polícia em San Bruno, na Califórnia (EUA), depois de fazer uma conversão considerada ilegal bem em frente aos agentes. O caso chamou atenção porque não havia motorista humano para receber a multa.
Segundo o departamento de polícia, os oficiais tentaram autuar o veículo, mas não foi possível aplicar a penalidade pela ausência de condutor. “Os policiais pararam o veículo e contataram a empresa para informá‑los sobre a falha. Como não havia motorista humano, a multa não pôde ser emitida (nossos livros de multas não têm a caixa para ‘robô’)”, disse a corporação em uma publicação no Facebook. Eles também afirmaram esperar que uma reprogramação impeça novas manobras irregulares.
A Waymo disse ao jornal The Guardian que o sistema foi “projetado para respeitar as regras de trânsito” e que analisaria o episódio com o objetivo de aprimorar a segurança — ou seja, revisar o que aconteceu e ajustar o software se necessário.
Contexto legal
O episódio acontece enquanto a legislação estadual vinha sendo atualizada. O governador Gavin Newsom sancionou uma lei que, segundo autoridades, entrará em vigor em julho do ano que vem. A nova regra permitirá que a polícia emita uma “notificação de não conformidade” quando um veículo autônomo infringir o trânsito e exigirá a criação de uma linha telefônica de emergência para socorristas.
Como o carro ‘vê’ a rua
Os veículos da Waymo combinam vários sensores para mapear o entorno e tomar decisões. Entre as tecnologias usadas estão:
- LiDAR: cria uma imagem 3D do entorno com pulsos de laser que medem o tempo de retorno ao ricochetear nos objetos;
- Câmeras: fornecem visão em 360° e identificam semáforos, obras e obstáculos sob diferentes condições de luz — os modelos Jaguar I‑PACE, por exemplo, têm cerca de 29 câmeras;
- Radar: usa ondas milimétricas para medir distância e velocidade de objetos, funcionando bem em chuva, neblina e neve.
Apesar desses recursos, o sistema já teve problemas. No início do ano, a empresa anunciou um recall de mais de 1,2 mil veículos por um defeito de software que teria provocado colisões com correntes, cancelas e outras barreiras estacionárias. A Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário dos EUA (NHTSA) recebeu 22 denúncias relacionadas a veículos supostamente violando leis de trânsito.
Hoje, a Waymo opera em cinco cidades dos EUA — Phoenix, San Francisco, Los Angeles, Austin e Atlanta — somando cerca de dez milhões de viagens. A empresa vinha expandindo testes em Nova York e tinha licenças previstas para Dallas, Miami e Washington, D.C. no ano seguinte.
O episódio reacendeu o debate sobre regulação e segurança viária envolvendo carros autônomos. Como qualquer tecnologia nova, isso tende a influenciar políticas públicas de mobilidade — inclusive em lugares como o Brasil e a Bahia — à medida que autoridades e operadores avaliam como incorporar esses veículos com segurança.
Após a abordagem, a polícia informou que contatou a Waymo e que a empresa disse estar analisando o ocorrido; a lei estadual sancionada por Newsom passará a vigorar em julho do próximo ano.