Marcelo de Jesus Silva, conhecido como “Chucky” pela baixa estatura de 1,28 metro e a associação ao personagem do cinema, atuou em Salvador e na Região Metropolitana como integrante de um grupo de extermínio ligado ao traficante João Teixeira Leal, o “Jão”. Apontado por investigações como envolvido em mais de 20 homicídios, ele foi executado em 3 de dezembro de 2010, na região da Lagoa da Paixão, em Fazenda Coutos, em Salvador, em um crime com sinais de tortura e indícios de retaliação por roubos cometidos na área.
De acordo com registros policiais citados pela imprensa, “Chucky” era considerado braço direito de “Jão” em Pirajá e adjacências, com passagens e anotações por homicídios, roubos e tráfico de drogas. Em 2006, o grupo foi apontado por um triplo homicídio no Alto do Cabrito, que vitimou Junê Péricles dos Santos Santana, Igor Leonardo Cruz da Silva e Joílson dos Santos Santana, todos ligados ao tráfico. A ação, cometida em via pública, foi um dos casos mais lembrados na trajetória do bando. Em março de 2007, sete integrantes do grupo de extermínio foram capturados pelo então Grupo Especial de Repressão a Crimes de Extermínio (Gerce), a partir de relatos de familiares das vítimas e diligências subsequentes.
A figura de “Chucky” ficou conhecida também pela capacidade de escapar de operações. Entre os relatos registrados pela mídia, estão o episódio em que teria se escondido na carcaça de um telefone público para evitar a prisão e a ocasião em que disparou uma metralhadora enquanto era carregado nos ombros de um comparsa. Em outra operação, policiais teriam subestimado o suspeito durante a varredura de um morro ao ouvir no rádio a informação de que “só um anão passou”, sem identificar que se tratava do principal alvo da ação.
A execução ocorreu em 03/12/2010, com o corpo encontrado pendurado de cabeça para baixo em um contêiner de lixo, com braços decepados e rosto desfigurado. À época, a hipótese trabalhada por investigadores apontava para uma retaliação de traficantes locais após a prática de roubos na região. A morte encerrou a trajetória de um dos nomes mais citados em cadernos policiais baianos no fim dos anos 2000, cuja história voltou à pauta em reconstituições publicadas em 2025 e até em podcasts internacionais dedicados a casos criminais.
Hoje, o caso é lembrado em compilações e dossiês sobre violência urbana, com menções a prisões de suspeitos ligadas ao episódio e a cronologias que relacionam o avanço de grupos armados em bairros populares de Salvador naquele período.

