A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, está no centro de uma investigação que marcou o sistema prisional baiano. Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), ela é acusada de facilitar a fuga de 16 detentos em dezembro de 2024, além de corrupção, envolvimento com facções criminosas e de manter um relacionamento com um dos internos, Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como Dadá, apontado como chefe de uma facção local ligada a um grupo do Rio de Janeiro.
O caso veio à tona após a fuga em massa, que mobilizou forças de segurança e resultou em apenas um dos fugitivos localizado até o momento — ele morreu em confronto com a polícia. As investigações revelaram que, durante os nove meses em que esteve à frente da unidade, Joneuma teria autorizado a entrada irregular de itens como roupas, eletrodomésticos e ventiladores, além de permitir visitas sem inspeção, especialmente para familiares de detentos ligados ao crime organizado.
Além de Joneuma, outras 17 pessoas foram denunciadas, incluindo o ex-coordenador de segurança do presídio, Wellington Oliveira Sousa, também preso. Depoimentos de funcionários apontam que a ex-diretora mantinha encontros frequentes e sigilosos com Dadá, o que gerou estranheza entre os servidores. A defesa de Joneuma, no entanto, nega qualquer envolvimento amoroso ou participação em crimes, alegando que as regalias concedidas faziam parte de negociações para manter a ordem na unidade.
Outro ponto que chamou atenção foi o pedido judicial de auxílio financeiro feito por Joneuma contra o ex-deputado federal Uldurico Alencar Pinto, alegando que ele seria o pai de seu filho, nascido prematuro enquanto ela já estava presa. O ex-deputado nega qualquer acusação e aguarda o resultado do teste de DNA.
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) reforçou a segurança no presídio com a presença da Força Penal Nacional, principalmente após um atentado contra o novo diretor da unidade. O caso segue em investigação, com a maioria dos fugitivos ainda foragidos e a defesa de Joneuma buscando provar sua inocência.
Atualmente, Joneuma permanece presa no Conjunto Penal de Itabuna, acompanhada do filho recém-nascido, enquanto a família expressa preocupação com as condições da criança no ambiente prisional.