Quatro policiais — dois civis e dois militares — morreram nesta terça-feira (28) durante a megaoperação das forças de segurança nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação, no âmbito da Operação Contenção, é considerada a mais letal da história do estado, com 64 mortos e 81 presos, segundo balanços oficiais divulgados ao longo do dia.
De acordo com a Polícia Civil e a Polícia Militar, cerca de 2,5 mil agentes foram mobilizados para cumprir 100 mandados de prisão contra lideranças do Comando Vermelho. Ao menos 93 fuzis foram apreendidos, além de pistolas, motocicletas e drogas. Ao longo da operação, criminosos ergueram barricadas em chamas, bloquearam vias e chegaram a lançar artefatos por drones, segundo as forças de segurança.
Os policiais mortos foram identificados como Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, comissário da 53ª DP (Mesquita), conhecido como Máskara; Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, da 39ª DP (Pavuna); Cleiton Serafim Gonçalves, 42 anos, 3º sargento do Bope; e Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos, 3º sargento do Bope. Segundo relatos oficiais, os agentes foram atingidos durante confrontos em áreas dos complexos, inclusive na Vila Cruzeiro, e chegaram a ser socorridos ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiram.
A operação teve reflexos em diferentes pontos da cidade. Em retaliação, blocos de entulho e veículos foram usados para interditar trechos da Linha Amarela, da Grajaú-Jacarepaguá e de ruas do Méier. O Centro de Operações do Rio elevou o estágio operacional para nível 2. Na rede pública, ao menos 43 escolas e cinco unidades de saúde foram impactadas, com suspensão de atividades e readequação de atendimentos devido aos tiroteios.
Entre os feridos está o delegado-adjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, que foi baleado e passou por cirurgia. Três civis também foram atingidos por bala perdida em diferentes circunstâncias: um homem em situação de rua, uma mulher que estava em uma academia e um homem que estava em um ferro-velho. Todos receberam atendimento médico.
Ao longo do dia, as forças de segurança informaram a prisão de suspeitos considerados estratégicos na estrutura da facção. Entre eles, Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro ligado a uma liderança do Comando Vermelho. As prisões ocorreram em diferentes pontos da Penha e do Alemão conforme as equipes avançavam em áreas de mata e vias bloqueadas.
O governo do estado afirmou que a operação foi planejada com base em investigações da Polícia Civil e que as ações de enfrentamento ao crime organizado prosseguirão. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou manter atuação no Rio por meio de operações nacionais e disse atender a pedidos do governo fluminense para emprego de efetivos federais quando solicitados.
Dados do Observatório e de levantamentos acadêmicos citados pela imprensa indicam que a letalidade desta terça-feira supera as de operações anteriores, como a do Jacarezinho em 2021, com 28 mortos, e a da Vila Cruzeiro em 2022, com 24 mortos, ambos recordes anteriores de letalidade em ações policiais na capital.
No balanço consolidado até a noite, as autoridades contabilizaram 64 mortes, sendo quatro de policiais, 81 prisões e quase 100 fuzis apreendidos, além de registros de bloqueios em vias, suspensão de aulas e atendimentos, e o uso de drones por criminosos durante os confrontos.



