“A princípio, o suspeito nega todas as acusações e se coloca à disposição da polícia. O que percebemos é que as informações trazidas aos autos em nada colaboraram com as investigações”, disse o delegado Rilmo Braga, gerente de Planejamento Operacional da Polícia Civil.
O Metrópoles não localizou o contato da defesa do pastor. Em nota enviada ao Fantástico, a advogada Rosângela Magalhães disse que ele prestou todas as informações solicitadas e está colaborando com as investigações. Segundo ela, as queixas não tratam de fatos praticados com violência ou grave ameaça.
Se forem comprovadas as acusações, o pastor pode ser indiciado por crime de violação sexual mediante fraude e importunação sexual. Somadas, as penas podem ultrapassar dez anos de prisão.
“Intérprete de Deus”
O pastor se apresentava aos fiéis como um “intérprete da vontade de Deus”. Foi com esse discurso que ele conseguiu molestar uma das vítimas.
“Ele falava que era para o meu crescimento espiritual, que era para eu crescer na vida. Ele às vezes confunde até a mente da gente em acreditar que o que ele faz vem de Deus”, afirmou uma das vítimas.
Ela ainda disse que, ao contar ao pastor que tinha sido abusada sexualmente quando era criança, ele insistiu ainda mais: “Você vai ter que passar pela ferida para ser curada. E aí eu fiquei: ‘Meu Deus, eu vou ter que ser molestada de novo para ser curada de um trauma que eu fui na infância?’ Então isso não me deixava dormir”, relembrou.
A família da adolescente relata que descobriu os abusos após perceber a mudança de comportamento da menina. “Todas as vezes que ela ia, chegava em casa chorando e se mutilava – as pernas, as costas. Comecei a desconfiar. Foi um choque. Quando eu vi aquilo, o meu mundo desabou. Morri ali. Eu me sinto culpada de tudo, mas também fui vítima disso tudo. Ele me enganou”, lamentou a mãe dela.