Quatro anos após o assassinato da empresária Indiana Geraldo Tardett, o Tribunal do Júri de Lucas do Rio Verde (MT) condenou, nesta terça-feira (3), os três responsáveis pelo crime. Cláudio Valadares dos Santos, ex-companheiro da vítima, o sacerdote de candomblé Márcio Andrade dos Santos, conhecido como “Pai Baiano”, e Jucilene Batista Rodrigues, seguidora do grupo religioso, receberam penas que somam 63 anos e 8 meses de prisão.
Indiana, de 42 anos, era sócia de Cláudio em uma empresa de manutenção de aeronaves. O relacionamento, marcado por conflitos e acusações de traição, terminou em um processo de separação litigiosa. Cláudio, insatisfeito com a divisão de bens, procurou o sacerdote que já prestava aconselhamento espiritual ao casal. Segundo o Ministério Público, ele foi enfático: “Não basta desamarrar a relação. Tem que colocar Indiana no caldeirão do satanás”.
Com a ajuda de Jucilene, o grupo atraiu Indiana até sua própria casa, sob o pretexto de realizar um ritual de reconciliação. Lá, ela foi assassinada com golpes de um facão artesanal de mais de um quilo. O primeiro golpe, desferido pelo próprio “Pai Baiano”, atingiu a cabeça da vítima, deixando-a inconsciente. Em seguida, ele a feriu no pescoço e no punho, causando sua morte. Para tentar confundir as investigações, os autores simularam um ritual religioso e alegaram intolerância religiosa.
O crime ocorreu na madrugada de 31 de maio de 2021, apenas quatro dias após Indiana registrar boletim de ocorrência contra Cláudio por ameaças e solicitar uma medida protetiva, que não foi implementada a tempo.
Durante o julgamento, que durou mais de 18 horas, os réus foram condenados por feminicídio qualificado por motivo torpe e dissimulação, além de fraude processual. O promotor Samuel Telles Costa destacou que os acusados tentaram manipular a cena do crime e dificultar a apuração, mas as provas legítimas prevaleceram. Os três réus permanecerão presos e não têm direito de recorrer em liberdade.