Uma celebração religiosa que deveria ser de paz acabou em confusão e denúncia policial em São Manuel, interior de São Paulo. Uma mulher de 62 anos acusa um padre de tê-la agredido durante um suposto exorcismo, realizado no meio de uma missa. Segundo o boletim de ocorrência, registrado na última quinta-feira (7/8), ela levou tapas, puxões de cabelo, socos e chutes — e precisou de atendimento médico. Exames confirmaram hematomas no rosto, no couro cabeludo e no ombro direito.
O caso foi enquadrado como lesão corporal de menor potencial ofensivo e será analisado pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim). A Arquidiocese de Botucatu, responsável pela paróquia, afastou o sacerdote de forma cautelar e abriu um processo interno para apurar os fatos.
Quem era o padre e o que aconteceu
De acordo com os registros, o religioso não fazia parte da paróquia local. Ele foi convidado para celebrar na Igreja Nossa Senhora Consolata e, logo no início, apresentou-se como “exorcista”. Natural da região de Cerqueira César, o padre também é conhecido por um detalhe curioso: é faixa-preta de jiu-jítsu e já chegou a ser vice-campeão em torneios da modalidade — algo que, diante da acusação de violência, aumentou a indignação de muitos fiéis.
A versão da vítima e o laudo médico
O boletim relata que, durante a passagem do Santíssimo, a mulher “repousou no Espírito Santo” — um estado de transe comum em certas celebrações — e, segundo a interpretação do padre, estaria “manifestando um espírito maligno”. Foi nesse momento que, ainda dentro da igreja, teriam ocorrido as agressões. Alguns fiéis tentaram conter a situação. Na Santa Casa, médicos constataram as lesões.
Investigações e trâmites judiciais
A Polícia Civil ouviu testemunhas, analisou imagens e elaborou um Termo Circunstanciado (TCO), procedimento aplicado em crimes cuja pena máxima é de dois anos. O documento foi encaminhado ao Jecrim. Até agora, o depoimento do padre não foi divulgado.
Posição da Igreja e regras para exorcismos
Em nota, a Arquidiocese lamentou o episódio e lembrou que, segundo as normas internas da Igreja Católica, o exorcismo só pode ser realizado por um sacerdote expressamente autorizado pelo bispo.
Repercussão entre os fiéis
Quem estava na missa relata que a cena deixou o ambiente em choque. Muitos acompanharam o socorro à vítima e se mostraram preocupados com os limites de certos ritos, a segurança dentro das igrejas e a responsabilidade dos líderes espirituais ao lidar com momentos de vulnerabilidade.
Próximos passos
Na Justiça, o caso seguirá os trâmites para delitos de menor potencial ofensivo, que podem incluir propostas de medidas alternativas ou audiências de conciliação. Na esfera eclesiástica, o processo interno continua enquanto o padre permanece afastado. Até o momento, a versão dele não foi divulgada oficialmente.