Na noite de terça-feira (24). Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos, foi morta com um tiro de espingarda dentro de casa, na zona rural de Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá. O principal suspeito do crime é o marido, Valdecir Karnoski, de 57 anos, que foi preso em flagrante pela Polícia Militar e já respondia a processos por violência doméstica.
Segundo informações da Polícia Civil, Roseni foi atingida no peito e chegou a ser socorrida ao Hospital Hilda Strenger Ribeiro, mas não resistiu após sofrer três paradas cardíacas. O delegado Jean Paulo Nascimento, responsável pelo caso, afirmou que Valdecir apresentou versões contraditórias sobre o ocorrido, alegando inicialmente acidente durante a limpeza da arma e, depois, que a vítima teria se jogado contra a espingarda. A perícia, no entanto, descartou a hipótese de disparo acidental, apontando que o tiro foi disparado de cima para baixo, enquanto Roseni estava deitada ou agachada, e que ela tentou se defender antes de ser atingida, conforme lesões nas mãos.
O histórico de violência do suspeito já era conhecido. Em 2021, Valdecir atirou contra a esposa após uma discussão motivada pelo fato de Roseni ter tirado a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem avisá-lo. Na ocasião, ele também alegou acidente, mas o episódio resultou na cassação de seu Certificado de Caçador, Atirador Esportivo ou Colecionador (CAC). Mesmo assim, Valdecir continuou mantendo armas em casa, todas registradas em nome da esposa, que era CAC.
No local do crime, a polícia apreendeu uma espingarda calibre 12, um rifle calibre 22, uma espingarda calibre 36, uma arma de pressão e 249 munições de diversos calibres. Testemunhas relataram que Valdecir era agressivo e controlador, especialmente quando embriagado, e que o relacionamento do casal, de quase 30 anos, era marcado por episódios de agressão, embora muitos familiares evitassem denunciar por medo de represálias.
Após o crime, Valdecir resistiu à prisão e ameaçou tirar a própria vida, sendo necessário um longo processo de negociação com os policiais. Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. O caso segue sendo investigado como feminicídio qualificado, motivado por violência doméstica, e foi encaminhado ao Ministério Público.
O corpo de Roseni foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá para exames complementares. O casal deixa duas filhas adultas.