Um adolescente de 16 anos foi apreendido após confessar ter matado o pai, de 56 anos, em Santana do Livramento (RS), e indicar o local onde enterrou o corpo em área rural do município. Depois da apreensão, a mãe do jovem deu entrevista em que relata um histórico de abusos e maus-tratos, o que levou a Polícia Civil a reavaliar as linhas de apuração sobre a motivação do crime.
Segundo a Polícia Civil, o homicídio ocorreu em 6 de setembro e o desaparecimento foi registrado no dia 18 por uma das filhas da vítima. O adolescente foi localizado em 29 de setembro, quando confessou o crime e levou os policiais até a cova onde o corpo havia sido ocultado. Ele disse ter contado com a ajuda de dois amigos — que negam participação no homicídio — na ocultação do cadáver; os dois foram presos por ocultação de cadáver.
A mulher revelou um passado de violência e abuso que, segundo ela, culminou no comportamento do filho. Ela conta ter sido abusada por Mauro aos 9 anos e engravidado dele aos 15.
A convivência entre pai e filho, que passou a morar com Mauro aos 13 anos, era descrita como turbulenta, marcada por brigas e maus-tratos.
O elemento central na versão da mãe é o impacto psicológico que os relatos do pai tinham sobre o jovem. Mauro, segundo ela, bebia, maltratava o filho e “contava o que tinha feito comigo”. Ela descreveu o efeito devastador dessas confissões: “Como uma criança vai reagir ouvindo o pai dizer que gostava de estuprar a própria mãe?”
A mãe ainda afirma que o adolescente não suportava ouvir os relatos e teria agido por vingança, não por interesse financeiro no negócio da família. As declarações são tratadas como alegações e passam por verificação policial. A polícia também não descarta a hipótese de disputa pelo controle da borracharia, além de desentendimentos prévios entre pai e filho.
Conforme a polícia, a dinâmica do crime envolve o uso de uma espingarda e a execução do homicídio nas dependências da borracharia da família. Após o fato, o adolescente assumiu rotinas do estabelecimento e sustentou versões distintas sobre o paradeiro do pai até admitir o assassinato.
Até o momento, o adolescente responde por ato infracional análogo a homicídio e ocultação de cadáver, e os adultos apontados como auxiliares na ocultação foram presos em flagrante por esse crime. A polícia prossegue na coleta de depoimentos, análise de laudos e confrontação das versões para esclarecer as circunstâncias, a motivação e a eventual participação de terceiros.