A Justiça Federal condenou um dos envolvidos em um grande esquema de tráfico internacional de armas. A decisão, anunciada nesta segunda-feira (18) e divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF), impõe uma pena de seis anos e nove meses de prisão ao réu, que não teve sua identidade revelada. O caso é um desdobramento da Operação Dakovo, iniciada em 2020 após a descoberta de um arsenal no sudoeste da Bahia.
Além da pena de prisão, o homem — que já estava detido e era responsável pela compra de armas no Paraguai — foi condenado a pagar 202 dias-multa e uma indenização de R$ 50 mil por danos morais coletivos. Esse valor será direcionado ao Fundo Nacional de Segurança Pública. A Justiça também determinou que todos os bens e valores obtidos ilegalmente sejam confiscados e passem para a União. O Ministério Público Federal (MPF), no entanto, já informou que vai recorrer da sentença, argumentando que a pena aplicada não condiz com a gravidade dos crimes cometidos.
O esquema e a Operação Dakovo
A Operação Dakovo começou em 2020, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez uma grande apreensão em Vitória da Conquista, na Bahia. Na ocasião, foram encontrados 23 pistolas, dois fuzis, carregadores e uma vasta quantidade de munição — um verdadeiro arsenal. As investigações logo revelaram que as armas, fabricadas na Croácia e com as numerações adulteradas, faziam parte de uma rota ilegal de importação que saía da Europa e Turquia, passava pelo Paraguai e chegava até o Brasil.
Segundo o MPF, os criminosos usavam táticas elaboradas para operar o tráfico. Entre elas, estavam a criação de empresas de fachada, simulação de vendas e até mesmo a corrupção de autoridades no Paraguai. Todo esse armamento, de alto calibre, tinha um destino certo: as maiores facções criminosas do país, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, impactando diretamente a segurança pública brasileira.
Estrutura da organização
Ao todo, 28 pessoas foram denunciadas pela Operação Dakovo. Elas são acusadas de envolvimento em crimes de tráfico internacional de armas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O MPF detalhou que o grupo era dividido em seis núcleos, que incluíam desde empresários e militares paraguaios até integrantes de facções brasileiras. O principal nome investigado foi o empresário argentino Diego Hernan Dirísio, amplamente conhecido como o “Senhor das Armas” por sua forte influência e papel central nesse esquema que se estendia por diversas nações.