A auxiliar administrativa Camila Messias Moraes, de 21 anos, morreu em Ceilândia (DF) após ser liberada de um hospital particular com diagnóstico de crise de ansiedade, mesmo apresentando sintomas clássicos de infarto. O caso, ocorrido no dia 26 de junho, gerou comoção e levantou questionamentos sobre a conduta médica adotada no atendimento.
Na véspera de sua morte, Camila procurou o Hospital Unimed, na Asa Sul, relatando dores no peito e dormência nas pernas. Após ser submetida a exames, incluindo um eletrocardiograma que apontou possível anomalia no átrio direito, ela foi medicada com analgésicos, anti-inflamatórios e corticoides, e liberada para casa com o diagnóstico de estresse e ansiedade.
Segundo familiares, o médico responsável não solicitou exames complementares, como o de sangue, mesmo diante da alteração no eletrocardiograma. A família afirma que Camila não tinha histórico de doenças cardíacas, não fazia uso de drogas ou álcool e mantinha uma rotina saudável entre trabalho, igreja e vida familiar.
No dia seguinte, Camila manteve sua rotina, mas relatou à mãe que as dores haviam se intensificado. Pouco depois, ao entrar no quarto para descansar, sofreu uma parada cardiorrespiratória. O Samu e o Corpo de Bombeiros foram acionados, mas a jovem já estava sem vida quando as equipes chegaram.
A autópsia realizada pelo Instituto de Medicina Legal (IML) constatou que Camila estava infartando há pelo menos três dias e faleceu em decorrência de tamponamento cardíaco e ruptura de aneurisma da aorta. O laudo contrariou o diagnóstico inicial de ansiedade e reforçou a suspeita de negligência médica, levantada pela família, que registrou boletim de ocorrência e pretende acionar a Justiça.
Em nota, a Unimed CNU lamentou profundamente o falecimento, expressou solidariedade à família e negou qualquer negligência no atendimento. Segundo a empresa, todos os protocolos médicos foram seguidos, incluindo a aplicação do escore HEART, que classificou a paciente como de baixo risco cardiovascular.
O caso segue sob investigação pela 15ª Delegacia de Polícia de Ceilândia. O corpo de Camila foi velado em clima de indignação e tristeza entre familiares e amigos.
A apuração dos fatos segue em andamento pelas autoridades competentes, enquanto a família aguarda respostas sobre o atendimento prestado.