Uma série de tiroteios recentes na região do Engenho Velho da Federação, em Salvador, tem causado apreensão entre pais e mães de alunos de um colégio particular local. A preocupação com a violência e o risco de balas perdidas levou a instituição de ensino a emitir um comunicado aos responsáveis e a solicitar reforço policial para a área.
Confrontos e Medo na Comunidade Escolar
A situação se agravou na terça-feira (5), quando um suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas foi morto em um confronto armado com a polícia na localidade conhecida como Forno. Horas depois, a escola Gurilândia, situada na Avenida Cardeal da Silva, informou aos pais sobre o incidente e as medidas preventivas adotadas.
“Nossa rotina segue normalmente, com todas as atividades pedagógicas acontecendo com tranquilidade e cuidado. Reforçamos que nenhuma ocorrência impactou diretamente a escola ou comprometeu a segurança de nossos alunos. Como medida preventiva, acionamos prontamente a 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), solicitando apoio e presença no entorno da escola”, dizia a nota enviada pela escola.
No dia seguinte, um novo episódio de violência foi registrado nas imediações do colégio, intensificando o temor dos pais. Uma mãe de uma aluna de oito anos, que preferiu não se identificar, relatou a conversa em um grupo de mensagens.
“Inicialmente eu achei que se tratava de um assalto. Foi quando outras mães disseram que tinha acontecido um tiroteio. Algumas relataram, inclusive, o medo de bala perdida dentro da escola”, contou a mãe.
Outra mãe, também mantendo o anonimato, expressou receios sobre o trajeto.
“Tenho medo de bala perdida e de estar entrando e saindo da escola. Mas, lá dentro, as crianças estão seguras, eu espero”, afirmou. A possibilidade de invasões e sequestros também é um receio entre os pais. “Quando vemos notícias assim, já pensamos nos piores cenários possíveis. Imagina que uma pessoa em fuga invade a escola e faz reféns? Não é incomum isso acontecer em outros bairros”, ponderou outra responsável.
Cenário de Insegurança Abrangente na Bahia
A insegurança em Salvador não se restringe à Federação. Wilson Abdon, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe), confirma que a situação é preocupante em todo o estado.
“Infelizmente, a segurança está comprometida em toda a Bahia e, especificamente, em Salvador. As escolas procuram orientar as famílias a não esperarem nos carros e chegarem apenas no momento de buscar os filhos. Algumas realizam reforços de segurança particular”, destacou Abdon. Ele reforça que, embora as escolas se esforcem para manter a segurança interna, a violência externa afeta o ambiente escolar e a tranquilidade das famílias.
Em julho deste ano, aproximadamente 140 alunos já haviam sido impactados na mesma região, Engenho Velho da Federação, devido à suspensão de aulas após um confronto entre facções e policiais militares. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a Secretaria de Educação do Estado (SEC) foram procuradas para comentar sobre o número de estudantes afetados por interrupções de aulas em decorrência da violência armada na capital baiana em 2023, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
A Polícia Militar da Bahia (PMBA) informou que o patrulhamento no Engenho Velho da Federação, incluindo o entorno da escola, foi intensificado por meio das ações da 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).