Na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL-BA), uma recente reunião que ouvia o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, sobre a reestruturação das forças policiais, foi palco de um posicionamento firme e bastante crítico do deputado estadual Hilton Coelho (PSOL). O parlamentar não hesitou em fazer duras críticas à política de segurança pública que vem sendo implementada no estado.
Coelho trouxe à tona a realidade preocupante da violência e da alta letalidade policial na Bahia, defendendo uma reforma ampla que, para ele, deve priorizar investimentos sociais e uma qualificação muito maior na investigação policial. O objetivo? Um impacto direto na segurança e, claro, na qualidade de vida dos baianos.
Parece um contrassenso, não é? A Bahia, que orgulha-se de ser a sétima maior economia do Brasil, convive com números alarmantes de criminalidade e letalidade policial. O deputado sublinhou isso: “Somos o segundo estado em índices de violência e o primeiro em ações policiais letais, à frente de São Paulo e Rio de Janeiro”. Esse dado, por si só, já acende um alerta sobre a necessidade urgente de uma mudança de rumo.
E a situação só piora: em 2024, a Bahia viu um salto chocante de 235% no número de chacinas. “Isso não pode ser naturalizado”, frisou Coelho, com razão. Para o deputado, a solução para esse cenário complexo não está em mais do mesmo. Ele propõe uma guinada profunda na abordagem, com a destinação de bilhões de reais em investimentos sociais, focados nas áreas mais vulneráveis. E, crucialmente, um reforço massivo na investigação policial.
A investigação foi apontada como a peça-chave para desmantelar esquemas criminosos sem o uso excessivo da força. Coelho lembrou que, atualmente, nem mesmo os salários de profissionais de nível superior na área investigativa são adequadamente valorizados. “A investigação é fundamental para desarticular os esquemas criminosos sem o uso da força letal. Muitas operações da Polícia Federal são feitas sem disparar um tiro, porque há investimento na investigação”, exemplificou o parlamentar, mostrando que é possível agir de outra forma.
O deputado também lançou um olhar crítico sobre o programa “Bahia pela Paz”, lançado pelo governo estadual, classificando a iniciativa como “muito em aberto”. Ele defende que o diálogo com a sociedade civil precisa ser aprofundado para definir diretrizes claras. Para ser efetivo, o programa, em sua visão, deve mirar em investimentos sociais e na estruturação da polícia investigativa. “Ao meu ver, do ponto de vista da segurança pública das forças policiais, nós precisamos ter outro nível de investigação, senão nós continuaremos enxugando gelo de sangue nesse estado, que é o que está acontecendo”, avaliou, com uma metáfora impactante.
Por fim, Hilton Coelho reforçou a urgência de um debate mais amplo na Assembleia Legislativa. A pauta, para ele, não pode se limitar a projetos isolados para as corporações policiais. É preciso uma reforma global da segurança pública na Bahia, com a meta clara de diminuir a letalidade policial e, acima de tudo, proteger a juventude negra, que é a principal vítima dessa onda de violência no estado.