A Guarda Civil Municipal (GCM) de Salvador fez um pedido formal que pode mudar como seus agentes são levados à delegacia. A corporação quer que a condução seja feita pelos próprios guardas, não pela Polícia Militar. Por que essa solicitação surgiu agora?
Tudo começou após a prisão de Bruno Carianha, que é coordenador financeiro do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps) e também integrante da GCM. Ele foi detido por policiais militares durante um protesto de professores e servidores municipais. A manifestação era contra a aprovação de um projeto de lei sobre reajuste salarial.
O protesto e a prisão
Durante o ato, Bruno Carianha foi apontado como líder do movimento. Vídeos mostram ele confrontando a Polícia Militar e outras pessoas no local. Ele acabou preso por militares que trabalhavam para controlar a situação. Esse episódio específico motivou a GCM a pedir que, dali para frente, a condução de seus agentes à delegacia, nessa e em outras circunstâncias, ficasse a cargo da própria Guarda.
O diretor-geral da GCM, coronel Humberto Sturaro, falou sobre os motivos do pedido. Ele mencionou uma “desinteligência” entre a Polícia Militar e a Guarda Municipal na semana anterior, ligada à prisão em flagrante de um presidente de sindicato. Segundo Sturaro, a tropa da Guarda solicitou muito que, em casos assim, a condução fosse feita por eles, já que o detido era um guarda municipal.
O que muda com o pedido?
A ideia, conforme explicou o diretor-geral, é que em situações envolvendo a prisão de guardas municipais ou policiais militares, a responsabilidade pela condução seja da corporação à qual o detido pertence. “Na hora que um policial prende um guarda municipal, ou vice-versa, que aquela condução seja feita pela unidade a que ele pertence”, detalhou Sturaro.
Para tornar a medida oficial, Sturaro já agendou uma audiência com o comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Antônio Carlos Magalhães. Ele contou que o comandante-geral recebeu bem a demanda. A GCM vai apresentar um termo de cooperação técnica para formalizar a solicitação. “Va chegar o momento que assim que essa reunião acontecer e esse termo for assinado, os guardas municipais, quando se envolverem em ocorrência, terão o direito de serem conduzidos por suas próprias reações”, afirmou Sturaro. Ele concluiu que foi um pedido da corporação e que já foi atendido em princípio.
Acusações contra Bruno Carianha
Bruno Carianha foi acusado de diversos crimes, incluindo lesão corporal dolosa, incitação ao crime, dano qualificado ao patrimônio público, resistência à prisão e vias de fato. Ele foi detido por agentes da Polícia Militar depois que o presidente da Câmara, Carlos Muniz, anunciou sua prisão.
Durante a ocasião, após ser impedido de entrar no plenário da Câmara, Carianha foi um dos manifestantes que invadiu e ocupou o Centro de Cultura do local, onde ocorria a votação do projeto. Ao chegarem ao plenário, o grupo foi acusado de agredir vereadores e outras pessoas que acompanhavam a sessão.
Um documento mostra que o coordenador do Sindseps foi apontado como o responsável pela agressão ao vereador Maurício Trindade e a outros servidores funcionários da Câmara. Além do vereador, o documento apontou outras pessoas como vítimas dos atos de Bruno Carianha, bem como o Estado e a sociedade por conta dos danos ao patrimônio público.
- Vereador Maurício Trindade
- Sidney Carlos Mangabeira Campos Filho
- Marcelo Bestetti Grun
- Rondinele Conceição Andrade Requião