O desaparecimento de Alan Queven dos Santos Barbosa, de 22 anos, em Eunápolis, extremo sul da Bahia, ganhou novos contornos após denúncias do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Alan, conhecido por administrar uma página de fofoca no Instagram, utilizava o espaço para denunciar supostos esquemas de corrupção e facilitação de entrada de produtos ilícitos no Conjunto Penal de Eunápolis, além de acusar a então diretora da unidade, Joneuma Silva Neres, de envolvimento com o crime organizado e de atuar politicamente para determinados candidatos.
Segundo a denúncia do MP-BA, Joneuma teria se incomodado com as publicações que a chamavam de “miliciana” e solicitado ao companheiro, Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá” e apontado como líder da facção Primeiro Comando de Eunápolis, que “desse um jeito” no jovem. Escutas telefônicas e depoimentos colhidos durante a investigação indicam que, dias após a identificação de Alan como responsável pelas postagens, ele foi sequestrado em sua residência, no dia 7 de junho de 2024, por dois integrantes da facção, entre eles Marcos Vinicius Tavares Ferreira Santos, o “Gago”.
A vítima foi levada para um local conhecido como “desembolo”, espécie de tribunal do crime, onde execuções são realizadas de forma brutal, geralmente a pauladas ou pedradas. Testemunhas afirmam que o corpo de Alan nunca foi encontrado, caracterizando o caso como desaparecimento forçado.
A denúncia do MP-BA é considerada robusta, contendo transcrições de diálogos interceptados, depoimentos e provas documentais. Joneuma Silva Neres e os demais envolvidos devem responder por homicídio qualificado, sequestro e associação criminosa.
Até o momento, a defesa de Joneuma não se manifestou publicamente sobre as acusações. O corpo de Alan Queven dos Santos Barbosa segue desaparecido, e o caso permanece sob investigação das autoridades.