O ex-auditor fiscal Arnaldo Augusto Pereira foi transferido para o Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia — segundo a defesa, a confirmação veio à TV Bahia na segunda-feira (27). A data exata da mudança para a unidade não foi informada.
Prisão e transferência
Ele havia sido localizado em Mucuri no dia 15 de outubro, depois de quase duas semanas de monitoramento por agentes que investigavam tentativas de evitar condenações em processos ligados à sua atuação na prefeitura de São Paulo. Ao perceber a movimentação policial, tentou fugir, mas foi capturado.
Dois dias após a prisão, a Justiça converteu a detenção temporária em prisão preventiva durante a audiência de custódia. Além do cumprimento do mandado, foram apreendidos documentos pessoais; as apurações indicaram que Arnaldo usava uma identidade falsa.
A fraude do atestado de óbito
O Ministério Público da Bahia informou que Arnaldo confessou ter pago R$ 45 mil pela obtenção de um documento fraudulento. Segundo a investigação, esse atestado teria servido para emitir certidões e anexá-las a processos judiciais com o objetivo de liberar bens retidos.
A declaração apontava a morte em 10 de julho, atribuída a problemas cardíacos e diabetes, com registro em cartório na Cidade Baixa, em Salvador, e indicação de sepultamento em Cachoeira. A administração do cemitério, porém, negou que o enterro tenha ocorrido.
O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) abriu sindicância para apurar a conduta do perito que assinou o documento. O médico investigado foi identificado como Sérgio Ricardo Matos da Costa, de 60 anos, ligado ao Instituto Médico Legal e ex-professor da Universidade Federal da Bahia.
Como confirmaram que ele estava vivo?
Os investigadores descobriram que a pessoa que anexou a documentação aos autos não tinha vínculo familiar com Arnaldo e tinha antecedentes por furto, roubo e estelionato. Os agentes monitoraram endereços ligados à família — inclusive residências associadas à esposa e a paróquia frequentada por eles — e, com esse acompanhamento, puderam confirmar que Arnaldo estava vivo.
É presumido inocente, disse o advogado Eduardo Maurício, responsável pela defesa de Arnaldo Augusto Pereira.
Sobre o médico legista, a defesa afirmou que ele não sabia que Arnaldo estava vivo e negou ter recebido pagamento pela assinatura do atestado. Segundo essa versão, alguém se passou por parente e apresentou um vídeo com o suposto corpo para obter o documento.
As investigações seguem: o Cremeb mantém a sindicância e o Ministério Público continua a apurar as circunstâncias da documentação falsa, já com a prisão de Arnaldo convertida em preventiva e a análise dos elementos que levaram à fraude.

