Ao menos sete mulheres afirmam ter sido lesadas por uma advogada com escritório em Jequié, na Bahia. Segundo as denúncias, os prejuízos chegam a pelo menos R$ 20 mil.
O que as vítimas relatam
De acordo com as denúncias, as clientes fizeram pagamentos adiantados por serviços jurídicos e, em seguida, a profissional deixou de responder mensagens e ligações por meses. Os processos não teriam sido encaminhados e, sem contrato formal, quem pagou ficou sem retorno.
“Ela conversa com você como se fosse amiga, promete ajudar, diz que entende sua dor. Depois pede um pagamento adiantado, sem contrato formal, e quando você paga, ela simplesmente desaparece”, contou uma das vítimas.
Nas redes, a advogada aparece como Aline Sousa e tem cerca de 76 mil seguidores. Segundo as denunciantes, a abordagem era acolhedora — especialmente com mães em situação de vulnerabilidade — o que facilitou a captação de clientes.
Exemplos citados pelas vítimas:
- um caso com pagamento à vista de R$ 3.500, sem atendimento posterior;
- outro com entrada de R$ 900 e parcelas que totalizaram R$ 3.000, seguido de bloqueio do contato após cobranças.
Registros e investigação
Algumas mulheres chegaram a registrar boletins de ocorrência. A reportagem teve acesso a um registro feito em julho na 23ª Delegacia Territorial de Lauro de Freitas por estelionato (art. 171 do Código Penal). No documento, consta que uma ação de revisão de alimentos não teria sido protocolada após o recebimento de parcelas.
A delegacia informou que apura o caso como estelionato ocorrido no meio virtual e que oitivas e diligências estão em andamento.
Resposta da advogada e estornos
A reportagem procurou a OAB-Jequié e o Ministério Público da Bahia, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Em nota, a advogada negou as acusações, afirmou atuar dentro da ética profissional e disse possuir documentos que comprovam sua atuação.
Segundo a nota, ela também devolveu valores para resguardar a própria imagem e adotou medidas legais contra uma ex-cliente que, na sua versão, teria influenciado outras clientes a pedir renúncia de processos.
Após o contato da imprensa, um membro da equipe da advogada procurou algumas mulheres e foram iniciados estornos: em alguns casos o valor foi devolvido integralmente; em outros, houve reembolsos parciais; e ainda havia clientes aguardando devolução parcial ou total.
Consequências possíveis
Especialistas consultados pelas vítimas apontaram que as ocorrências podem configurar infrações éticas e crimes, passíveis de encaminhamento à Ordem dos Advogados do Brasil e ao Ministério Público da Bahia. A investigação policial e eventuais procedimentos disciplinares foram indicados como desdobramentos previstos para apurar a conduta e definir responsabilidades.
Restam perguntas: os estornos vão resolver todos os casos? Quem responderá administrativamente e criminalmente se as acusações se confirmarem? As apurações em curso devem trazer respostas nos próximos passos da investigação.