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Cenário Político

“Não precisa pertencer a uma casta para ser o prefeito”, avalia Luiz Neto, sobre quase vitória em Paulo Afonso

Avatar De Redação Portal Chicosabetudo

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PAULO AFONSO – Petista de coração, o advogado Luiz Neto, recém-saído do partido, emoldurou a campanha do jovem Mário Galinho (Solidariedade) dando-lhe estabilidade [eu diria até emotiva], credibilidade, ao mesmo tempo que afastava com sua presença o ranço geral contra Galinho, de que não se podia levá-lo a sério.

Pouco mais de um mês da eleição municipal, Neto diz que o desejo de mudança já estava sacramentado no coração do povo, e que faltou apenas uma semana para que o resultado fosse almejado.

“Nós saímos para uma disputa em que o nosso candidato [a prefeito] não era conhecido por 25% do eleitorado. Quando batíamos à porta do eleitor ele nos dizia: “vamos votar em Galinho”, então Galinho estendia-lhe a mão e falava: “Obrigado, sou eu”.

Segundo Neto, a campanha de Galinho cresceu ante a insatisfação da população com as condições de saúde oferecidas pela prefeitura, mesmo considerando a pandemia de Covid-19, que embrulhou todo planejamento para 2020 bem como  a situação de penúria na qual vive o Hospital Nair Alves de Souza, cuja prefeitura se responsabilizou forçadamente.

“Foi mais importante a situação da saúde do que o desemprego, porque você passa sem o trabalho, mas sem saúde não, a doença mexe com toda a família, é sofrimento para todos.”

Ensaiando os passos de 2021, em que pretende se candidatar à Assembleia do estado, Luiz Neto diz que não se assusta com as diferenças pontuais entre um pleito e outro, porque há muito tempo tem um trabalho regional:

“Política só tem a porta de entrada, encontrar a saída é difícil. Como precisamos renovar no município estamos cansados dos mesmos representantes que precisam dizer a que vieram; e por que não?, podemos sim, temos ideias, estudamos, nos preparamos e vamos tentar uma cadeira na Assembleia, além do que, nos ajuda para 2024”, pontuou.

Neto tem um trabalho muito próximo a sindicatos e à agricultura familiar, “Nosso escritório tem ações nos quatro estados, o que nós precisamos é intensificar mais no estado da Bahia, nesse Eixo Norte do Sertão Baiano. Funciona assim, aonde eu vou levar meu trabalho levo minha campanha também. ”

Luiz Neto, em recesso por alguns dias, recebeu o Painel no seu escritório.

Há quarenta dias da campanha o senhor falava em “incomodar”, foi surpreendente o resultado?

O resultado sempre foi positivo. Eu trabalhei com a perspectiva que sim, que nós poderíamos chegar lá. Fizemos uma leitura política. O PT não acreditou, não enxergaram – talvez estivessem muito comprometidos-, que não tiraram as amarras. Eu pensei que se não fosse pelo PT a causa era maior, então mudei de partido. O que aconteceu foi o seguinte, quando a gente iniciou o processo político veio a Covid, ficamos em casa. Apesar de ter corrido alguns dias foi a campanha que menos corremos. Nós paramos a campanha e quem ficou operando de forma institucional foi a prefeitura, e quando ela vai leva o nome do prefeito. Então nós ficamos em casa, Anilton ficou em casa sem poder fazer nada. Nesse tempo eles cresceram. Nós tentamos tirar essa diferença. O que faltou para gente foi campanha, não foi uma questão de dinheiro. A gente não precisaria de recursos, se chegasse 1 milhão de reais não saberíamos o que fazer.

Como esse grupo recém-criado poderia ganhar a campanha sem um vintém?

Por vários fatores. O primeiro é o cansaço, a população, a maior parte [considerando a soma dos votos contrários] não acredita mais no grupo. Não há propostas, e nem é preciso dizer que vão fazer mais que ninguém acredita, porque são 30 anos. Dizer que vai fazer a segunda ponte?, por que não fez?; que vai gerar emprego etc., sobretudo o maior problema que nós identificamos foi no campo da saúde. Uma cidade gerida por dois médicos não se justifica. Há muita indignação. O que sustentou o grupo foi o apadrinhamento. Você observa várias pessoas de uma mesma família votando para garantir o emprego de uma única pessoa. Isto é, o velho esquema do poder econômico; as várias empresas que fornecem para a prefeitura; os mesmos amigos e secretários, porém, a cidade mostrou que não quer mais.

Qual foi sua colaboração para a campanha de Galinho?

É um somatório de coisas. Primeiro, o que pesava contra Mário era o fato de ele ser jovem, de não ter experiência administrativa, e como geriria essa megaempresa pública que é a prefeitura de Paulo Afonso? Quando eu entrei dei esse aval, ‘Mário é novo, mas Neto é experimentado’, fora isso, os apoios políticos, deputados estadual e federal, pessoas que marcham comigo na esquerda, por exemplo: o deputado Bebeto Galvão (PSB), o deputado federal Valmir Assunção (PT), o deputado estadual Jacó (PT), muita gente de peso do PT, do governo, porque você sabe que o governador [Rui Costa] ficou neutro, desde o começo ele dizia que onde tivesse dois ou três aliados ele não iria. Então somou esse peso.

Ter perdido por tão pouco [805 votos] causou frustração?

Primeiro nós não perdemos. Em momento algum esse sentimento passou pelo meu coração. Porque quando nós formamos o grupo fomos taxados de doidos, até pela família [risos]; então somos considerados vitoriosos, se saio à rua as pessoas chegam, se vou à igreja o pessoal chega e diz “Eita foi por pouco!” “Mas na próxima…”, e o que é mais importante Ivone, despertamos sobretudo no jovem que sim, você pode!, você pode pleitear uma cadeira no Parlamento de Paulo Afonso, na prefeitura, porque isto não é critério de uma casta, mas de todo cidadão pauloafonsino. Por que eu não posso?, por que só pode A ou B?, a coisa mais importante desta campanha foi essa mensagem que passamos ao povo.

Eleitores de Galinho ficaram enfurecidos com a área rural, que garantiu a vitória para Luiz de Deus.

Uma cobrança injusta, porque fomos bem votados. Galinho é desconhecido na zona rural, qual trabalho ele tinha?, quem tem trabalho lá é a prefeitura. A população depende de carro-pipa, de estrada, de saúde e educação. E o que vimos lá foram salas multisseriadas, coitada dessa professora, enquanto um aprende a desenhar o outro faz contas; estrada só é arrumada quando o prefeito vai passar por lá e na saúde já existe organizações para que cada morador doe 20 reais por mês e garanta com isso um carro para levar pacientes doentes, é um retrato de muita carência a área rural, nós não podemos cobrar isso, e no entanto, tivemos mais de 3 mil votos lá.

O seu grupo passaria por muitas cobranças e não teria como resolver muita coisa. 

A gente não resolveria num passe de mágica, mas temos saída. A agricultura familiar e o turismo. É o mesmo jargão, é, mas nos reunimos com a Chesf e ela quer entregar o bondinho, memorial e o zoológico, e por que Canidé dá certo?, porque a prefeitura precisa ser o fomentador, dar o primeiro passo, intensificar e colocar os primeiros recursos, mas esse grupo não quer. Acha que tem recursos certos [royalties ], e insiste nessa politicazinha de varejo, que paga funcionário em dia como se isso fosse algo extraordinário. O potencial está na agricultura, não adianta achar que as grandes indústrias veem sem que antes achemos a nossa vocação, sem que cresçamos pelas nossas próprias pernas, como Juazeiro e Petrolina.

 A sua identidade política é petista, você voltaria ao PT?

Não, porque o PT teria que se transformar, né, eu não voltaria não pelo PT, pelas lutas do partido em si, eu não voltaria pelas pessoas que lá estão.

O PT é muito difícil.

Demais. A história do partido, a ideologia do partido sempre me encantou, e me levou até ele, no entanto, as pessoas que lá estão fizeram o oposto. Tô fora!

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