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Após operação da PF, Justiça determina afastamento do prefeito de Canapi- AL

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Após Operação Da Pf, Justiça Determina Afastamento Do Prefeito De Canapi- Al

A Justiça determinou o afastamento do prefeito de Canapi, Celso Luiz, na manhã desta sexta-feira (29), após a operação deflagrada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) e a Polícia Federal (PF) que o conduziu coercitivamente para a sede da PF para prestar depoimento. Ele é acusado de liderar um esquema que teria desviado R$ 10 milhões dos cofres públicos da cidade sertaneja.

A decisão do juiz João Dirceu Soares, da Comarca de Mata Grande, também determina o afastamento do cargo de servidores públicos municipais que estariam envolvidos no esquema de desvio de recursos públicos. Todos eles tiveram os bens bloqueados pela justiça.

Estima-se que mais de R$ 10 milhões provenientes de recursos da União sumiram dos cofres públicos do município entre os anos de 2015 e 2016. Canapi tem um orçamento de R$ 40 milhões, ou seja, cerca de 1/4 do orçamento anual teria sido roubado pelos membros do esquema.

De acordo com as investigações, o dinheiro desviado seria usado na campanha de candidatura da reeleição do prefeito Celso Luiz, do filho dele, que deve ser candidato em Mata Grande, e da irmã dele, em Inhapi.

Segundo o promotor Antônio Carvalho, responsável pelas investigações, houve fraude na aquisição de fraldas, material de higiene infantil, contrato de transporte escolar, dinheiro de servidores públicos (recursos do Fundeb), empréstimos consignados – de forma que o servidor tinha descontado no contra-cheque, mas não repassava ao banco, sendo negativado no SPC. Além disso, o esquema também envolvia fraudes em contratos de tratores e caminhões.

Foi identificado também durante as investigações, através da quebra de sigilo bancário, que o município transferia dinheiro para dois secretários municipais, o de Assuntos Estratégicos, Jorge Valença Alves Neto, e o de Finanças, Carlos Alberto dos Anjos Silva. Também estariam envolvidos no esquema o Controlador Interno da Prefeitura de Canapi, Francisco Barbosa da Silva, o Secretário Municipal de Assuntos Estratégicos da Prefeitura de Canapi, Chaplin Iachdneh Varejão Pascoal R. de Oliveira, e a servidora pública Lucileide Canuto dos Anjos Silva.

A operação, deflagrada nesta sexta-feira, foi batizada de Operação Triângulo das Bermudas, referente a uma região onde ocorre o desaparecimento misterioso, repentino de aeronaves e navios, tal como ocorre em Canapi, com o dinheiro público.

Durante coletiva à imprensa, o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo Gonçalves, deu detalhes sobre o esquema e afirmou que dinheiro de precatórios também foram desviados.

"Foi um caso de roubo descarado, por mãos grandes, na cara dura. A Justiça Federal determinou o pagamento de R$ 18 milhões em precatórios que foram depositados em 2015 e deveria servir ao desenvolvimento da Educação, reformas de escolas, capacitação de professores, compra de equipamentos. Este dinheiro, por sua vez, foi transferido das contas da prefeitura para pessoas ligadas a gestores municipais sem qualquer preocupação de se forjar uma licitação, um contrato. O dinheiro, sacado em espécie, tinha sido depositado nas contas do secretário de Finanças e assuntos estratégicos", disse.

O inquérito deve ser concluído até a sexta-feira da semana que vem. Todos serão indiciados por apropriação indébita, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. As investigações começaram a partir de denúncias na rede social de que moradores da cidade estavam sendo beneficiadas com valores altíssimos.

Segundo a promotora Karla Padilha, a forma caseira de desviar recursos é o que chama a atenção. "Vemos claramente o fato de cooptar pessoas paupérrimas e muitas vezes analfabetas abrindo contas, assinando procurações, sendo vítimas da quadrilha. A partir daí, o dinheiro seguia o caminho até chegar aos gestores", disse.

"Em 20 anos de promotoria, nunca vi algo tão tenebroso, só na Operação Taturana. Era uma espécie de organização simplista participando de uma fraude baseada em prejuízos inenarráveis em uma cidade com IDH baixíssimo", completa Karla.

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