Imagine a cena: a derrota humilhante de 8 a 0 para o Flamengo ainda fresca na memória, e a torcida, com a paciência esgotada, decide ir cobrar. Foi exatamente isso que aconteceu na tarde desta quarta-feira (27), em Salvador, na Bahia. Membros da Torcida Uniformizada Os Imbatíveis (TUI) não se contentaram em lamentar e foram até a Toca do Leão, o centro de treinamento do Esporte Clube Vitória.
O objetivo era claro: exigir uma mudança de postura imediata do elenco. Antes mesmo da sessão de treinos, jogadores, a comissão técnica – incluindo o técnico interino Rodrigo Chagas – e até membros da diretoria se sentaram nas arquibancadas do Centro de Treinamento Manoel Pontes Tanajura para ouvir o que os torcedores tinham a dizer. Não foi uma conversa qualquer; foi um acerto de contas carregado de emoção.
Liderando o discurso em nome dos milhares de torcedores, estava Gabriel Oliveira, presidente da TUI. Suas palavras, fortes e diretas, expressavam a vergonha e a revolta. “Estou aqui em nome de milhares de torcedores envergonhados. Em nome de uma instituição centenária que vocês mancharam a história. Uma coisa é incompetência, mas covardia não dá para aceitar”, disparou Gabriel, sem rodeios.
“Ou vai por mal ou vai por bem”: o ultimato
A cobrança não parou por aí. O líder da torcida prosseguiu com críticas contundentes, classificando os jogadores como “covardes e frouxos” por terem, segundo ele, aceitado a derrota avassaladora “de braços cruzados”. A indignação era palpável. Oliveira deixou claro que esse tipo de comportamento não será mais tolerado, proferindo um verdadeiro ultimato aos atletas, que pareciam encolhidos diante da fúria rubro-negra.
“Vocês foram covardes e frouxos, não foi por falta de talento. Paravam eles no pau, como todo mundo faz. Vocês aceitaram isso de braços cruzados. Nossa parte vamos fazer, mas se vocês querem perturbar nossa vida, vamos perturbar a de vocês também. A partir de hoje, esse comportamento não será mais aceito. Covardia não vamos aceitar, brincar com nossos sentimentos, não vamos aceitar. Vim aqui para dar o recado: ou vai ser por mal ou vai ser por bem, mas o Vitória não vai cair”, declarou Gabriel Oliveira, com a voz embargada, mas firme.
E qual é o tamanho do buraco que gerou tanta revolta? A situação do Vitória no Campeonato Brasileiro da Série A é, de fato, mais do que delicada. O clube ocupa a 17ª colocação, o que significa que hoje estaria na zona de rebaixamento. Com apenas 19 pontos conquistados em 21 rodadas, a pressão da torcida é um reflexo genuíno da preocupação com o futuro do time na elite do futebol nacional. É a paixão virando protesto.
Agora, os olhos se voltam para o próximo compromisso. O Rubro-Negro enfrentará o Atlético-MG no domingo (31), em casa, no Barradão, às 18h30, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Um jogo que, após esse ultimato, ganha um peso ainda maior. Será que a cobrança terá o efeito desejado em campo?