Samir Xaud é eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) neste domingo, 25 de maio, em votação realizada na sede da entidade, no Rio de Janeiro. O dirigente de Roraima, candidato único, assume o comando da CBF com mandato até 2029, após receber apoio de 26 federações estaduais e 20 clubes, em um pleito esvaziado pela ausência de parte dos principais times do país.
A eleição foi marcada por um cenário inédito: dos 67 membros aptos a votar, apenas 46 participaram, sendo 26 federações e 20 clubes — 10 da Série A e 10 da Série B. Entre os clubes da elite presentes estavam Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras, Santos, Vasco e Vitória. Já entre os ausentes, destacam-se Flamengo, Fluminense, Corinthians e São Paulo, que, junto a outros, assinaram manifesto de boicote ao processo eleitoral, alegando falta de protagonismo dos clubes e pedindo mudanças estruturais na gestão do futebol brasileiro.
O novo presidente assume em meio a uma crise institucional. A saída de Ednaldo Rodrigues, marcada por denúncias de fraude, disputas judiciais e pressão de clubes por maior participação, abriu espaço para a candidatura única de Xaud, que reuniu apoio majoritário das federações estaduais. O processo eleitoral foi criticado por blocos como a Liga Forte União, que defende revisão das regras de governança, profissionalização da arbitragem e adoção de normas rígidas de responsabilidade financeira.
Entre as propostas de Samir Xaud para a nova gestão estão:
- Descentralização do poder na CBF, com distribuição de funções e autonomia para profissionais capacitados.
- Otimização do calendário do futebol brasileiro, com redução de datas dos campeonatos estaduais.
- Apoio à criação de uma liga gerida pelos clubes, visando maior protagonismo e melhor organização do calendário.
- Investimento em educação continuada e profissionalização da arbitragem.
- Gestão transparente e combate a práticas irregulares, buscando recuperar a reputação da entidade.
Em entrevista recente, Xaud afirmou: “Minha ideia é tirar essa ideia do papel, dar autonomia para que os clubes gerissem o campeonato. E a CBF cuidar da outra parte, o futebol de base, feminino, dar condição para trabalhar nos pequenos cantos do País até os grandes centros” .
A posse de Xaud ocorre em um momento de transição também na seleção brasileira, com a chegada do técnico Carlo Ancelotti, considerada uma das principais ações da gestão anterior. O novo presidente promete diálogo com todos os setores do futebol nacional e busca pacificar as relações com os clubes, que reivindicam maior voz nas decisões da CBF.
A eleição deste domingo encerra um ciclo de instabilidade na entidade, mas deixa desafios para a nova diretoria, que terá de lidar com demandas por transparência, modernização e maior participação dos clubes nas decisões do futebol brasileiro.