A Agência Espacial Europeia (ESA) acabou de apresentar uma nova ferramenta para ajudar a proteger nosso planeta. É o Telescópio Flyeye, e sua missão é observar de perto o espaço em busca de asteroides e cometas que se aproximam demais da Terra. Pense nele como o novo vigia do planeta contra possíveis impactos.
O objetivo é claro: dar à Europa a capacidade de detectar asteroides perigosos com mais de 40 metros semanas antes de um possível impacto. Holger Krag, chefe do programa de Segurança Espacial da ESA, falou sobre essa meta em um comunicado recente. Detectar esses objetos cedo é fundamental para termos tempo de agir.
O Flyeye não trabalhará sozinho; ele é o primeiro de quatro telescópios planejados para formar uma rede. Eles vão cooperar para encontrar o que os cientistas chamam de Objetos Próximos da Terra (NEOs). Quando um objeto suspeito aparece, um software especializado processa as imagens, e astrônomos analisam as observações.
E se o perigo for confirmado? Um alerta é enviado ao Centro de Planetas Menores. Lá, uma equipe se aprofunda no estudo do objeto, tentando entender sua trajetória e se há uma real chance de colisão. Como disse Richard Moissl, chefe do Gabinete de Defesa Planetária da ESA, quanto mais cedo vemos asteroides perigosos, mais tempo temos para avaliá-los e, se necessário, preparar uma resposta.
Por Que “Olho de Mosca”?
O nome Flyeye significa “olho de mosca” em inglês, e a inspiração veio justamente dos olhos compostos dos insetos. Como ele funciona? Tem um espelho principal de um metro que capta a luz. Essa luz é então dividida em 16 canais distintos, cada um com uma câmera. É como ter 16 pontos de vista trabalhando ao mesmo tempo.
Esse design inteligente permite que o telescópio faça grandes varreduras do céu noturno de maneira eficiente, mantendo a qualidade da imagem. De acordo com a ESA, esse novo equipamento consegue captar uma área do céu mais de 200 vezes maior que a Lua cheia em uma única exposição. Isso é um avanço enorme comparado a telescópios convencionais. Richard Moissl acrescentou que o campo de visão super amplo dos Flyeye nos permite escanear o céu noturno em busca de objetos interessantes ou perigosos muito mais rápido do que antes.
Trabalho em Equipe
O Flyeye também vai operar de forma inteligente, considerando fatores como o brilho da Lua e as observações de outros telescópios de pesquisa. Ele levará em conta dados de instrumentos como o ATLAS da NASA, o Zwicky Transient Facility e o futuro Telescópio Vera Rubin.
Olhando para o futuro, o plano é ter uma rede de até quatro telescópios Flyeye espalhados pelo mundo, nos hemisférios norte e sul. Ernesto Doelling, gerente do projeto Flyeye, explicou que essa rede tornará as varreduras automáticas do céu ainda mais rápidas e completas. O instrumento foi desenvolvido em parceria com a OHB Italia, uma empresa especializada em sistemas espaciais.
As primeiras imagens de teste foram tiradas sobre as colinas de pedra de Matera, na Itália. Atualmente, o telescópio está no Centro de Geodésia Espacial da Agência Espacial Italiana (ASI). Mas em breve, ele será instalado no Monte Mufara, na Sicília. Lá, ele se unirá ao esforço global para proteger a Terra, mantendo seus olhos afiados no céu noturno em busca de objetos que possam representar uma ameaça.