Nesta terça-feira (28), Dia Mundial do Judô, o Bahia Notícias voltou o olhar para as academias mais antigas de Salvador e para como a modalidade se firmou na Bahia por meio de relatos de dirigentes, professores e praticantes.
Dojôs que contam histórias
Um dos destaques foi o Clube Itapagipano de Judô, fundado em 1º de maio de 1966 por Francisco Magalhães Pinto, o Mestre Ciro, na região da Baixa do Bonfim, na Península Itapagipana. O dojô permaneceu no mesmo endereço, na Rua Otávio Barreto, nº 15, e é reconhecido como uma das academias mais antigas em funcionamento em Salvador; a direção informou que o clube completará 60 anos em 2026.
“Hoje tenho 64 anos, mas a minha trajetória no judô se iniciou com cinco anos, quando meu pai fundou o Clube Itapagipano de Judô. Eu e o meu irmão mais velho, Cristóvão, fomos as primeiras crianças a participar dos treinos”, contou Ciro Carvalho Pinto, filho do fundador.
O Itapagipano manteve a proposta de unir prática esportiva e formação humana. Há turmas para crianças a partir de 3 anos, com aulas pela manhã, tarde e noite. Segundo a direção, o dojô costuma reunir em média 70 alunos e recebe famílias de várias gerações; em 2022 foi lançada uma biografia sobre o mestre e, naquele ano, o fundador completou 90 anos.
“A gente procura criar esses seres humanos com base em dois aspectos que se chamam ‘Jitakyo-Ei’ e ‘Seiryoku Zenyo’… O ‘Jitakyo-Ei’ é o trabalho de si próprio, pela comunidade e pelo bem-estar de todos; e ‘Seiryoku Zenyo’ é o mínimo esforço com máxima eficiência”, disse Ciro Carvalho Pinto.
Outra referência foi a Associação Judô Katas, criada em 11 de abril de 1981 pelo Grão Mestre Carlos Lopes, no bairro de Matatu, em Brotas. Com quase quatro décadas de atuação, a Katas é lembrada pelo trabalho social e pela formação de jovens.
“A Associação Judô Katas foi criada pelo mestre Carlos Lopes. Ele tinha um espaço, então decidiu criar a associação. Ele limpou o terreno e construiu o lugar onde ajudou muitas pessoas”, afirmou o professor e judoca Adenilson Alves, que tem 47 anos, 36 anos de prática no judô e 18 anos de atuação na associação.
A Katas mantém atividades gratuitas e programas de inclusão. A direção informou que a associação atendeu cerca de 120 alunos em 8 turmas e que, a cada dois ou três anos, abre vagas para alunos de escolas públicas, conforme o apoio de patrocinadores para custear kimonos e despesas.
“Assim como o meu professor foi minha referência, e ainda é minha referência, mesmo não estando em vida, nós mantemos esse tradicionalismo: valorização do respeito, da educação, da disciplina e da socialização com a família”, declarou Adenilson Alves.
Números e metas estaduais
Do lado institucional, o presidente eleito da Federação Baiana de Judô (Febaju), Salvatore Puonzo, apresentou dados e objetivos: a federação registrou 11.744 judocas cadastrados, 138 associações filiadas e atuação em 112 municípios, além de organizar entre dois e três eventos mensais. Puonzo avaliou que o universo real de praticantes na Bahia pode ser cerca de cinco vezes maior do que o registrado.
“A nossa missão é divulgar a modalidade mais vitoriosa do país. O judô tem a maior quantidade de medalhas olímpicas do Brasil”, afirmou Salvatore Puonzo.
Ele reforçou o papel formativo do judô e a atuação da federação na capacitação de professores, na promoção de competições e no fomento do esporte no interior. A meta a médio prazo inclui fortalecer atletas e técnicos e, quem sabe, formar um atleta olímpico baiano.
O que vem pela frente?
O relato aponta desdobramentos concretos: o Clube Itapagipano já se prepara para os 60 anos em 2026, e a Febaju segue com calendários de eventos e programas de capacitação nos municípios onde o judô está presente. Afinal, como manter viva uma tradição que une esporte, educação e comunidade se não com planejamento e gente disposta a passar o tatame adiante?

