Com as mesmas armas que o Verdão venceu o primeiro jogo, na Arena, Tricolor fez 2 a 1 no Pacaembu e aguarda adversário do duelo entre Inter e Flamengo, nesta quarta.
Antes, aquela tensão característica da mão do árbitro no ouvido, no comunicador com a equipe do vídeo. Mas mal soou o apito de Nestor Pitana, o último no Pacaembu, para uma festa azul, preta e branca transbordar o espaço dos visitantes para o gramado.
Foram poucos minutos para o Grêmio virar sobre o Palmeiras no início do jogo, na noite de terça-feira, segurar o 2 a 1 e chegar à terceira semifinal consecutiva de Libertadores, a 10ª da história em 19 participações.
A tradição copeira, que reverbera ainda mais desde a chegada de Renato Gaúcho, foi estendida para todo o Brasil ver em um varal alviverde. E celebrada em uma vibração fora do comum entre 2,2 mil gremistas e os jogadores, protagonistas do feito.
O grupo se reuniu na frente dos tricolores – alguns pendurados no alambrado – e repeti o coro de “Grêmio, Grêmio” das arquibancadas e “uh, é os guris”, bordão já tradicional entre os jovens.
– Falei na preleção: o nosso torcedor tem que se sentir muito orgulhoso por tudo que esse grupo vem fazendo nos últimos anos. Nosso grupo é muito unido, fechado. Eu me sinto privilegiado de estar à frente desse grupo – apontou Renato.
A descontração de Jean Pyerre, inclusive, tomou conta no fim da partida. Depois do exame antidoping, tremendo de frio, o meia falou que quem “torceu contra” ia ter mais uma oportunidade agora.
– Eu fui perguntado por que deveriam acreditar. Eu dei uma resposta, falei que era o Grêmio. Algumas pessoas levaram para outro lado, dizendo que era soberba. A gente sempre acreditou. A vitória do jeito que foi, na luta, na raça. Quem torce contra vai ter que esperar agora e torcer contra de novo – riu o meia.
Neste embalo, o Grêmio se tornou o maior semifinalista da Libertadores entre os brasileiros, ao lado do São Paulo. Fez a vitória de número 101 na competição, a maior diante dos clubes do país. Ganhou do Palmeiras pela primeira vez na história dentro do Pacaembu. Virou pela primeira vez uma derrota em mata-mata sofrida dentro de casa. Voltou a bater o Verdão na capital paulista depois de 11 anos.
A lista é tão grande que dá para perder o fôlego. A ponto de Felipão citar que o Palmeiras devia se inspirar no rival.
Vitória com a veia copeira
O Grêmio passou para a semifinal da Libertadores em duas partes. A primeira, de uma eficiência e frieza ao aproveitar as chances criadas em intervalo de quatro minutos mesmo após sair atrás no placar.
Alisson se posicionou para cobrar falta na intermediária e ordenou a ida de Geromel e Kannemann para a área. A bola procurou o camisa 3, mas encontrou o pé de Everton.
Depois, o Cebolinha fez uma mágica, passou por cinco e, ao dividir com Weverton, deixou Alisson livre para escorar para o gol vazio.
“O Renato passou para a gente a história do Grêmio. Um time copeiro, acostumado a decidir fora de casa, foi assim na Libertadores de 2017” (Bruno Cortez, lateral-esquerdo)
A segunda metade, em uma mudança de característica. Deu a bola ao Palmeiras, se defendeu de todas as maneiras possíveis e ajustou os problemas defensivos da etapa inicial, já com Rômulo na vaga de Maicon.
Foi como se o Grêmio fosse o Verdão que venceu por 1 a 0 na Arena. Geromel, especialmente, foi incansável para manter os palmeirenses longe da meta de Paulo Victor.
Resta para aqueles que não acreditavam em uma virada do Grêmio, como diz Jean Pyerre, seguir torcendo contra. O Tricolor segue vivo e a três jogos do Tetra da Libertadores. O elenco volta a treinar nesta quarta-feira, no CT do São Paulo. O próximo adversário é justamente o clube paulista, no sábado, pelo Brasileirão.