Exploração viking: da conquista da Inglaterra ao alcance de quatro continentes

Os vikings, conhecidos por sua notável capacidade de navegação e conquistas em terras distantes, estenderam sua influência para além dos confins do continente europeu. As expedições nórdicas, que abrangem a época entre 793 e 1066 d.C., impactaram vários continentes e são estudadas através da arqueologia e dos registros históricos.

Pesquisas recentes revelam uma imagem mais complexa dos motivos vikings. O poder e a riqueza foram identificados como principais propulsores das incursões vikings, contrariamente à ideia anterior de desembarques acidentais na Inglaterra. Antes de lançarem suas expedições, os vikings comercializavam com os ingleses, sabendo exatamente o que estavam buscando. A unificação dos reinos nórdicos facilitou o início das aventuras marítimas.

Durante a Era Viking, os exploradores escandinavos utilizaram o verão para incursões e o outono para retornar com tesouros acumulados. Com o passar do tempo, as riquezas amealhadas motivaram o estabelecimento de assentamentos permanentes e o crescimento de rotas comerciais. Nas palavras da arqueóloga Ellen Nӕss do Museu de História Cultural de Oslo, não era uma questão de orgulho nacional, mas de poder e riqueza individuais.

Os nórdicos expandiram sua influência para o norte da Escócia, as Ilhas Faroé, Islândia em 870 e, posteriormente, para o sudoeste da Groenlândia. O marco de suas expedições foi atingido com a chegada a L’Anse aux Meadows, no Canadá, levando-os a 3.900 quilômetros de distância da Noruega. A Groenlândia serviu como ponto de transição para os vikings, que buscavam principalmente os valiosos dentes de marfim das morsas. A arqueóloga Nӕss destaca que não está clara a razão pela qual os vikings não se mantiveram por longo tempo na Terra Nova.

Ao dirigirem-se ao leste, os vikings alcançaram regiões que incluíam o Mar Báltico, a Europa Oriental e adentraram no território que compreende a atual Rússia. Constatações apontam que chegaram a Constantinopla e até mesmo a Bagdá por volta do ano 1000. A professora Alexandra Sanmark enfatiza que, nesse contexto, o comércio sobrepôs-se às invasões, traduzindo-se no estabelecimento e na obtenção de poder considerável na região.

A expansão viking também se estendeu para o sul, contornando a costa francesa e alcançando a Península Ibérica e a costa norte-africana. No entanto, as adversidades do deserto do Saara e a ausência de vias navegáveis impediram qualquer tentativa de atravessá-lo.

A influência viking declinou gradualmente com o passar do século 11, quando a introdução do cristianismo e a interação com outras culturas levaram a mudanças nas estruturas sociais e nas atitudes. A arqueóloga Nӕss comenta que, em termos geográficos, o assentamento na Terra Nova pode ter sido o ponto mais distante de alcance dos vikings, enquanto culturalmente, as viagens a Bagdá representaram um salto significativo rumo ao desconhecido.