O Esporte Clube Vitória, da Bahia, vive um momento financeiro delicado. O clube não só tem se esforçado para quitar dívidas herdadas de gestões anteriores, mas também enfrenta a dificuldade de receber valores significativos que outros times do futebol brasileiro lhe devem. Desde que assumiu a presidência, Fábio Mota tem se dedicado a reestruturar as finanças do Leão, que chegou a ser punido pela Fifa com o “transferban” — uma proibição de contratar jogadores.
Essa situação se torna ainda mais complicada porque alguns pagamentos, resultado da venda de atletas, se arrastam por anos. O presidente Fábio Mota deu um exemplo marcante: o atacante **Elkeson**, vendido ao Botafogo em 2011, e o valor da venda nunca foi totalmente pago até hoje. O Vitória até tentou cobrar o Botafogo na Justiça, mas o clube carioca declarou falência, o que impediu o recebimento do dinheiro.
Outro exemplo de dívida em aberto é a venda do jogador **David** ao Cruzeiro, por **R$ 10 milhões**. Assim como no caso de Elkeson, o dinheiro também não chegou aos cofres rubro-negros. O clube mineiro entrou em recuperação judicial, um cenário que, na visão de Fábio Mota, se tornou um problema comum no futebol brasileiro. Ele desabafa: “No Brasil, depois de explorar o clube, ele pede a recuperação judicial. Isso é um outro problema. Eu coloco no orçamento que vou arrecadar R$ 30 milhões daquele jogador que vendi, e quando começa o ano, o clube pede a recuperação judicial. Se não recebe R$ 30 milhões, você vai para a fila”.
Essa dificuldade em receber os valores devidos impacta diretamente o planejamento financeiro do clube e dificulta o cumprimento do “fair play” financeiro. O dirigente questiona: “O Vitória tem dois casos assim. Vendemos o Elkeson e não recebemos até hoje; o David, vendemos para o Cruzeiro, que entrou em recuperação e não pagou. Como é que vou cumprir meu fair play? Vou acabar sendo punido porque o outro clube entrou em recuperação”.
Apesar desses desafios impostos pelas dívidas de outros clubes, a gestão atual do Vitória conseguiu regularizar as pendências que causavam o “transferban” da Fifa. Isso permitiu que o clube voltasse a contratar jogadores, um passo importante para o elenco.
A questão dos pagamentos não realizados por clubes em recuperação judicial acende um alerta sobre a sustentabilidade e a justiça das relações financeiras no futebol brasileiro. Fica evidente a necessidade de mecanismos que protejam os clubes credores, evitando que sejam prejudicados por falências ou recuperações de outros times. Afinal, como um clube pode se planejar se o dinheiro que lhe é devido não chega?