A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu início ao processo para a implementação do Fair Play Financeiro, uma das principais promessas de campanha do atual presidente Samir Xaud. Um grupo de trabalho foi oficialmente estabelecido para desenvolver o “Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira”, com a liderança do vice-presidente da entidade, Ricardo Gluck Paul. O objetivo é estabelecer novas regras financeiras no cenário do futebol nacional.
A primeira reunião desta comissão está agendada para ocorrer logo após o término da Copa de Clubes, prevista para 13 de julho. A partir dessa data, o grupo terá um prazo de 90 dias para concluir seus trabalhos e entregar um relatório detalhado contendo a proposta de regulamento para o Fair Play Financeiro.
De acordo com Ricardo Gluck Paul, a expectativa é que a implementação das novas diretrizes ocorra já em 2026. O dirigente enfatiza que o processo será gradual para evitar impactos abruptos no sistema.
“O objetivo do grupo é ter, em 90 dias a partir do início do grupo de trabalho, um relatório do modelo. A partir daí a presidência define a implementação. O esforço que está sendo feito é para que seja (implementado) em 2026. Agora, naturalmente, e isso é uma opinião pessoal, creio também que haverá necessidade na implementação de construir uma onda inicial, uma intermediária e assim por diante. É um processo para não criar um colapso. Não é algo a partir de amanhã. Vai ser algo que tenha relevância, que possa ter impacto, que traga o que a gente procura, mas também que tenha implementação responsável”, declarou Ricardo Paul.
Estudo de Modelos Internacionais
A comissão responsável pela elaboração do regulamento não pretende replicar modelos estrangeiros, mas sim adaptá-los à realidade do futebol brasileiro. Serão analisados casos de sucesso e menos êxitos de Fair Play Financeiro fora do país para embasar a criação de um sistema próprio.
“Não tem isso de ‘ah, o nosso modelo está inspirado no modelo inglês’. A gente tem cardápio de possibilidades dentro dos cases de sucesso, tem os casos menos exitosos que podem ter boas inspirações… É um pouco de pegar boas práticas para adaptar ao nosso modelo. E, talvez – por que não? – construir coisas próprias”, explicou o vice-presidente.
O processo de construção do modelo envolve uma compreensão aprofundada do cenário atual, diagnóstico e organização de conceitos antes de qualquer discussão sobre a formatação final. Entre os pontos cruciais que serão debatidos, está a integração da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF, órgão que regula conflitos entre clubes, jogadores e agentes.
“Precisamos compreender momento do futebol brasileiro. Primeiro passo é compreender, diagnosticar, organizar conceitos e aí sim partir para uma discussão do modelo. A CNRD tem que entrar (no debate). Existem ali reflexões que têm que ser feitas também”, finalizou o dirigente.
A iniciativa busca fomentar a sustentabilidade financeira dos clubes brasileiros, alinhando as diretrizes da CBF com práticas que visam a solidez econômica no esporte nacional. Os próximos 90 dias serão decisivos para a formatação do projeto.