No último sábado, 18 de julho, a Praça da República, em Belém do Pará, virou palco não só de um show, mas também de um daqueles momentos em que arte e notícia andam de mãos dadas. Fafá de Belém, sempre espirituosa, soltou uma piada sobre a tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro bem no meio do hit “Vermelho”. Ela interrompeu o verso “O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor” e disparou: “Olha a tornozeleira aí, gente!”. Foi o suficiente para a plateia explodir em aplausos, risadas… e, claro, algumas vaias.
De onde veio a tornozeleira?
Na véspera do show, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou uma busca e apreensão na casa de Bolsonaro, além de determinar o uso da tornozeleira, recolhimento domiciliar à noite e a proibição de contato com embaixadores e redes sociais. A medida faz parte da investigação que apura tentativa de obstrução de justiça, coação de testemunhas e suposta articulação para um golpe de Estado em 2022.
A plateia dividida
Belém assistiu, ao vivo, a um retrato da polarização brasileira: enquanto muitos gritavam “Vai para a cadeia!”, outros vaiavam a cantora. Gostando ou não, ninguém ficou indiferente — e Fafá, com seu senso de timing afiado, deu voz ao que muita gente cochicha nos bastidores.
Viral nas redes? Claro que sim!
Minutos depois, os vídeos já estavam correndo soltos no X (o antigo Twitter). Alguns usuários chamaram a artista de “ícone do humor em tempos de crise”; outros reclamaram que show não é lugar para cutucar política. Entretanto, a repercussão mostrou que Fafá continua afiada em captar — e amplificar — o sentimento popular.
Catarses e contradições
Entre risadas e indignação, a piada funcionou como válvula de escape. Num país cansado de manchetes pesadas, a ironia virou um alívio momentâneo. Artistas, afinal, também são cronistas do seu tempo: se o clima esquenta, por que não transformar isso em música (ou em piada)?
E agora?
Enquanto o vídeo de Fafá já soma milhões de visualizações, o STF deve decidir, até segunda-feira, 21, se mantém as medidas cautelares impostas a Bolsonaro. Se a moda pega, talvez vejamos outros cantores soltando farpas políticas pelos palcos do Brasil — e o debate, gostemos ou não, seguirá ecoando tanto nos shows quanto nas redes.
Uma coisa é certa: Fafá de Belém mostrou, mais uma vez, que não tem medo de misturar microfone e opinião. E você, ficaria do lado das palmas ou das vaias?