Os jogos de mesa não ficaram presos ao papel e à sala de convivência: se transformaram em videogames que mantêm o que importa — a narrativa colaborativa, escolhas morais com peso e mecânicas que lembram rolar dados. Essa transição também ampliou o alcance desses universos, chegando a públicos em todo o país, incluindo cidades como Paulo Afonso, na Bahia, onde eventos e comunidades locais passaram a circular esses títulos.
De mesa para tela
O processo é simples na teoria: pegar regras, mundos e temas dos RPGs de mesa e traduzi‑los para interfaces digitais. Na prática, há muitos caminhos — adaptações fiéis, releituras estilizadas, jogos que preservam o sistema original ou apenas a atmosfera. O resultado são obras que falam com quem curte narrativa tática, investigação ou ação baseada em lore.
Dez exemplos representativos
Entre os projetos mais citados estão dez títulos que exemplificam essa ponte entre mesa e videogame:
- Vampire: The Masquerade – Bloodlines (1 e 2)
- Baldur’s Gate 3 – Dungeons & Dragons
- Solasta: Crown of the Magister – Dungeons & Dragons
- Shadowrun (1993)
- Pathfinder: Wrath of the Righteous
- Cyberpunk 2077
- Call of Cthulhu (2018)
- Warhammer 40,000: Space Marine 2
- Dungeons & Dragons: Tower of Doom
- Dungeons & Dragons: Shadow over Mystara
Alguns destaques
Vampire: The Masquerade – Bloodlines (2004) ficou conhecido pela atmosfera sombria e pelos diálogos complexos. A sequência ampliou o escopo para uma ambientação urbana mais contemporânea, sem perder as mecânicas sociais e os dilemas morais herdados do RPG de mesa. Versões desses jogos chegaram a plataformas como PC, PlayStation 5 e outros consoles da geração atual.
Baldur’s Gate 3 trouxe as regras da 5ª edição de Dungeons & Dragons para o formato digital, combinando liberdade narrativa com combates táticos em turnos e resultados que lembram rolagens de dados. Já Solasta: Crown of the Magister, produzido por fãs, reproduziu com muito cuidado a 5ª edição e destacou a verticalidade do terreno em combates por grade. Ambos os títulos foram lançados para múltiplos sistemas e consoles.
Há também adaptações históricas e renovações de formatos. O Shadowrun de 1993, para Super Nintendo, misturou fantasia e tecnologia em uma narrativa investigativa e combativa; décadas depois, projetos como Shadowrun Returns, Dragonfall e Hong Kong recuperaram o tom isométrico e estratégico do RPG de mesa. Pathfinder: Wrath of the Righteous é outro exemplo de fidelidade sistêmica, derivado das regras de Dungeons & Dragons 3.5, com combates táticos e ampla customização.
Alguns jogos partiram de cenários específicos: Cyberpunk 2077 tem raízes no RPG de mesa Cyberpunk 2020, mantendo temas como megacorporações e implantes cibernéticos; Call of Cthulhu (2018) traduziu o horror lovecraftiano em investigação e perda gradual de sanidade; e Warhammer 40,000: Space Marine 2 levou o lore das mesas a confrontos intensos entre facções.
Nos anos 1990, arcades adaptaram o RPG de mesa a outros estilos: Dungeons & Dragons: Tower of Doom e Shadow over Mystara transformaram regras, magias e progressão de personagens em beat ’em ups com rotas alternativas. Coleções posteriores trouxeram esses clássicos para plataformas modernas.
Por que isso importa?
Porque essas adaptações ampliam o diálogo entre hobbies. Elas permitem que mais pessoas conheçam sistemas, mundos e histórias originalmente concebidos para a mesa. E, sim, esse ciclo de relançamentos, sequências e versões para múltiplas plataformas ajuda a aumentar o acesso — tanto em grandes centros quanto em lugares como a Bahia — fortalecendo eventos locais, comunidades e o interesse por RPGs em geral.

