Netflix lançou, em outubro de 2025, a terceira temporada de Monster, agora rebatizada como Monstro: A História de Ed Gein. O desfecho chamou atenção por misturar registros reais, delírios e referências ao universo do terror.
O último episódio
A temporada intercalou relatos conhecidos sobre a vida de Ed Gein com inserções ficcionais que acentuaram um tom mitológico. No episódio final, o personagem surge debilitado por um câncer, internado em um hospital psiquiátrico e imerso em delírios que confundem memória e fantasia.
Em uma das alucinações, a série sugere, de maneira fictícia, que Gein teria colaborado com agentes do FBI na captura de Ted Bundy. Qual era a intenção narrativa? A cena funciona como recurso para contrapor dois perfis: Gein ligado a traumas familiares e distúrbios psicológicos; Bundy apresentado como a face do mal sem justificativas emocionais.
Imagens e referências ao terror
Depois da morte do personagem, a trama mostra jovens tentando remover sua lápide — um episódio que realmente ocorreu na vida real. Na versão da série, o ato é interrompido por aparições de assassinos cuja origem foi inspirada, em parte, em Gein. Entre eles aparecem:
- Buffalo Bill (O Silêncio dos Inocentes),
- Leatherface (O Massacre da Serra Elétrica),
- Norman Bates (Psicose).
Um plano marcante mostra Gein erguendo uma serra elétrica e ‘dançando’ no ar, referência direta ao final de O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper. O recurso reforça a ideia de que o caso real influenciou personagens cinematográficos.
A figura materna
A relação com a mãe esteve no centro do desfecho. Augusta, mãe de Gein, acompanha a narrativa desde o início e reaparece, em uma visão final, em frente à casa da família, ocupada em costurar. A cena culmina com a fala dirigida ao filho:
Só uma mãe poderia te amar.
No decorrer da série, essa frase já havia soado depreciativa. Na última aparição, a entonação muda para algo ambíguo — menos condenatória, mais complexa — e serve como fechamento simbólico da relação conflituosa entre mãe e filho.
O que é histórico e o que foi reconstituído
Os crimes atribuídos a Ed Gein foram usados como base factual da narrativa. Entre eles estão:
- Os assassinatos de Mary Hogan (1954) e Bernice Worden (1957);
- A violação de cemitérios;
- A produção de objetos feitos a partir de restos humanos.
Gein foi declarado legalmente insano e permaneceu em instituições psiquiátricas até sua morte, em 1984. A série também destaca o legado cultural desses crimes, citando influência direta em títulos como Psicose (1960), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991).
Não foram anunciados desdobramentos legais ou novas investigações relacionados ao caso em decorrência do lançamento da temporada.