A antologia Monstro, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, virou um dos títulos mais comentados da Netflix. A plataforma confirmou a quarta temporada, que terá como foco a história de Lizzie Borden, e a atriz Ella Beatty foi anunciada para interpretá‑la.
O que a nova temporada promete
Até aqui, a série revisitou crimes reais sob um olhar social e psicológico, partindo do ato violento para discutir como a sociedade constrói a ideia de “monstro”. As temporadas anteriores falaram de figuras como Jeffrey Dahmer, os irmãos Menendez e Ed Gein, todas masculinas. Mas o criador Ryan Murphy disse à Variety que o novo ciclo vai se concentrar em “mulheres rotuladas como monstros”, citando nomes como Elizabeth Báthory e Aileen Wuornos. O objetivo, segundo a produção, não é enaltecer a violência, e sim explorar os limites entre culpa, percepção pública e gênero. Como isso muda o olhar da série? Abrindo espaço para debates sobre representação que já têm reverberado, inclusive no Brasil e na Bahia.
Casos apontados nos Estados Unidos
Produtores, críticos e público começaram a sugerir outros nomes que caberiam no formato da franquia — isto é, casos usados como ponto de partida para análises sociais e psicológicas, sem privilegiar apenas o choque:
- Albert Henry DeSalvo (o Estrangulador de Boston), ligado a homicídios nos anos 1960.
- Gary Ridgway (o Estrangulador do Green River), associado a dezenas de vítimas entre as décadas de 1980 e 1990.
- Gerard Schaefer, policial que atraía vítimas usando sua autoridade.
Exemplos internacionais
Também foram citados casos fora dos Estados Unidos que já marcaram a opinião pública e a história criminal:
- Andrei Chikatilo (Rússia), conhecido como “o Açougueiro de Rostov”.
- Pedro Alonso López (Colômbia/Equador/Peru), apelidado de “o Monstro dos Andes”.
- Harold Shipman (Reino Unido), médico responsável por centenas de mortes.
- Jack Unterweger, Charles Sobhraj, Tsutomu Miyazaki e Gilles de Rais, entre outros casos de relevância histórica.
E o Brasil?
No debate sobre uma versão brasileira ou temporadas ambientadas no país, surgiram menções a casos nacionais já amplamente discutidos e que também receberam atenção na produção audiovisual. Entre eles estão Pedro Rodrigues Filho (Pedrinho Matador), Suzane von Richthofen, Francisco de Assis Rocha (Maníaco do Parque), João Acácio Pereira da Costa e Marcelo Costa de Andrade (Vampiro de Niterói). Esses exemplos aparecem como material que poderia ser adaptado desde que a abordagem mantenha a proposta de problematizar a construção social e as reverberações públicas.
Formato e rumos da antologia
Uma ideia recorrente entre críticos e espectadores é mesclar arcos longos — para crimes complexos — com miniarcos de dois ou três episódios, para histórias menos conhecidas. Assim, a série poderia explorar diferentes formas de monstruosidade: psicológica, social e moral. Oficialmente, porém, só está confirmada a temporada centrada em Lizzie Borden; os demais caminhos dependem de decisões da Netflix e dos criadores, que já sinalizaram interesse em discutir como a sociedade rotula indivíduos quando crimes chocam a opinião pública.