A terceira temporada de “Monster”, na Netflix, trouxe à tona a história de Ed Gein — o chamado “Açougueiro de Plainfield” — misturando fatos conhecidos e muitas invenções dramatizadas. O resultado é uma narrativa que prende, mas que também levanta a mesma pergunta que você deve estar se fazendo: o que ali é documentado e o que foi criado pela produção?
Fatos confirmados
No histórico real, Ed Gein nasceu em 1906 e cresceu em um ambiente familiar bastante repressivo, marcado especialmente pela relação com a mãe, Augusta. Ele admitiu, oficialmente, o assassinato de Mary Hogan, em 1954, e de Bernice Worden, em 1957. Profissionais o diagnosticaram com esquizofrenia e a Justiça o declarou legalmente insano; Gein passou o restante da vida em instituições psiquiátricas até sua morte, em 1984.
Liberdades da temporada
A temporada acrescentou detalhes e cenas que não têm comprovação documental. Foram mostradas seis vítimas atribuídas a Gein — entre elas uma babá, dois homens e o irmão Henry — embora, na prática, ele tenha confessado apenas dois homicídios e não exista prova das demais mortes.
A série também colocou no centro uma relação de cumplicidade e romance entre Gein e a personagem Adeline Watkins. Ainda que a personagem tenha alguma base histórica, não há registros oficiais que comprovem envolvimento romântico ou participação dela nos crimes.
Encontros e eventos inventados
Algumas cenas ligaram Gein a pessoas e episódios que não aconteceram ou não têm registro. Entre as liberdades criativas estão:
- a sugestão de que Gein ajudou na captura de Ted Bundy nos anos 1970 — o que não ocorreu, já que Gein estava internado e considerado incapaz de colaborar;
- a ideia de correspondência com Richard “Birdman” Speck e encontros com figuras como Christine Jorgensen e Ilse Koch, sem documentação que comprove tais contatos.
Sobre a morte do irmão e desaparecimentos locais
A série retrata a morte do irmão Henry como um crime premeditado por Ed Gein, mas, na realidade, as circunstâncias de 1944 nunca foram totalmente esclarecidas e não existe comprovação de culpa. Da mesma forma, a produção insinuou ligação com o desaparecimento de Evelyn Hartley, episódio ocorrido na mesma região, sem confirmação oficial de envolvimento.
Objetos e evidências
Quanto aos artefatos mostrados, a produção exibiu vários objetos atribuídos a Gein; parte do que aparece na tela corresponde a distorções ou réplicas feitas para a série. Depois da prisão, a maior parte das evidências reais foi destruída pelas autoridades, o que limita o que se pode provar hoje.
Conclusão
Em resumo: a terceira temporada dramatiza e amplia o caso de Ed Gein, misturando registros históricos com invenções para a narrativa. A dramatização provocou debate sobre os limites entre ficção e história, mas, até o momento, não houve confirmação de novas investigações ou audiências relacionadas às liberdades apresentadas pela produção.