A nova turnê da cantora Ivete Sangalo, intitulada “Ivete Clareou”, lançada em junho deste ano, tornou-se centro de uma controvérsia antes mesmo de sua estreia. O projeto, que homenageia o samba, está sob denúncia do Grupo Clareou, banda carioca formada em 2010, que alega uso indevido de marca.
Em resposta à acusação, a empresa Super Sounds, responsável pela organização da turnê de Ivete Sangalo, defendeu a legitimidade do nome. Por meio de nota oficial, a companhia afirmou que não há vínculo entre a nova iniciativa da artista e o grupo carioca. A Super Sounds reiterou que a escolha do título da turnê não viola direitos de terceiros, uma vez que “Clareou” é uma palavra de uso comum na língua portuguesa, derivada do verbo “clarear”, e está presente em diversas composições do samba brasileiro, não sendo, portanto, passível de exclusividade. A empresa acrescentou que o título da turnê, ao combinar o nome da artista com a expressão “Samba de Mainha”, confere originalidade e distintividade ao projeto.
Ainda segundo a Super Sounds, houve uma tentativa de negociação por parte do Grupo Clareou com a equipe da cantora, mas as conversas foram encerradas devido a um suposto interesse financeiro. A empresa declarou que, apesar de não reconhecer qualquer infração, buscou dialogar para eliminar possíveis confusões entre os públicos. No entanto, os representantes do Grupo Clareou teriam solicitado uma “compensação financeira”, com valores descritos como “astronômicos”, levando ao fim das tratativas diante da “inexistência de qualquer violação de direito de marca”.
Disputa no INPI
O Grupo Clareou, em nota, reivindicou o uso do nome com base em um registro de marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Uma pesquisa revelou que há dois registros ativos da marca “CLAREOU”. O primeiro foi feito por Rodrigo Costa dos Santos em 2012, na Classe de Nice 42, referente a serviços científicos e tecnológicos. O segundo registro é de 2022, feito por Ana Clara Gomes Alves, na Classe de Nice 45, que abrange serviços jurídicos e de segurança.
Em maio de 2025, a empresa Haute Organização de Eventos e Produções LTDA, vinculada ao registro da marca “Ivete Clareou”, solicitou o registro da marca “CLAREOU” na Classe de Nice 41, que inclui animação de festa e apresentação de espetáculo ao vivo. Pouco mais de um mês depois, Gilson Jorge Teixeira Júnior, responsável pelo registro do Grupo Clareou, apresentou uma oposição a essa tentativa de registro, argumentando que o anúncio da turnê de Ivete poderia gerar confusão entre os consumidores.
O registro da marca “Ivete Clareou” foi depositado em 17 de junho de 2025, também na Classe de Nice 41 (animação de festa, espetáculos ao vivo). O Grupo Clareou, por sua vez, possui um registro datado de 28 de maio de 2010, 15 anos antes, na Classe de Nice 41, com especificações para composição musical, produção de shows e grupo musical. O INPI, em retificação, esclarece que o registro em vigor do grupo não confere direito ao uso exclusivo da expressão “GRUPO”. Além disso, Gilson Jorge Teixeira Júnior detém o registro de outras duas marcas para o Grupo Clareou, “Vai Clarear” (2021) e “Do Nada Clareou” (2022), ambas na mesma Classe de Nice 41 de Ivete Sangalo.
Em 2024, a imprensa já havia noticiado o interesse de Ivete Sangalo no samba com o registro da marca “Ivete Samba” em 18 de setembro de 2024, pela própria cantora, na mesma Classe de Nice do “Ivete Clareou”, mas que não foi utilizada para este projeto. Ao lançar a turnê “Ivete Clareou”, a artista afirmou que o nome era uma homenagem à cantora Clara Nunes. Até o momento, Ivete Sangalo não se pronunciou oficialmente sobre a controvérsia. Em uma postagem recente em rede social, fãs da cantora interpretaram uma de suas frases como uma possível indireta à situação:
“Dias de clarear! Deus é maior, maior é Deus e quem tá com ele nunca está só.”