O influenciador paraibano Hytalo Santos, de 28 anos, foi preso nesta sexta-feira (15) em São Paulo, acusado de exploração e exposição de menores em conteúdos publicados nas redes sociais. A prisão é resultado de uma investigação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que apuram denúncias de “adultização” de crianças e adolescentes em vídeos produzidos pelo influenciador.
O caso ganhou grande repercussão após o youtuber Felca, que possui mais de 4 milhões de inscritos, publicar um vídeo detalhando situações em que menores eram expostos a comportamentos e dinâmicas de cunho sexual. A partir da denúncia, a Justiça determinou o bloqueio das redes sociais de Hytalo, a desmonetização de seus conteúdos e a proibição de contato com os adolescentes citados nos processos.
As investigações começaram em 2024, após relatos de vizinhos sobre festas com bebidas alcoólicas e comportamentos inadequados envolvendo adolescentes em um condomínio de luxo em João Pessoa, onde Hytalo residia. Segundo o MPPB, há indícios de que o influenciador teria oferecido presentes e até buscado a emancipação de menores para facilitar a participação deles em seus projetos digitais.
Durante as operações de busca e apreensão, a Polícia Civil encontrou a residência de Hytalo vazia, com portas trancadas e uma máquina de lavar ligada, sugerindo uma saída apressada. Equipamentos eletrônicos, como celulares e computadores, foram apreendidos para perícia. O condomínio informou que o influenciador retirou parte dos equipamentos antes da chegada das autoridades, o que levantou suspeitas de possível obstrução à Justiça.
A defesa de Hytalo Santos afirmou que ele desconhecia a execução dos mandados e negou todas as acusações, alegando que jamais compactuou com qualquer ato atentatório à dignidade de crianças e adolescentes. No entanto, os advogados anunciaram o abandono do caso logo após a operação policial, intensificando a crise em torno do influenciador.
Além das medidas judiciais, plataformas como Instagram, YouTube e TikTok suspenderam os perfis de Hytalo e de outros envolvidos, como a adolescente Kamylinha Santos, que também teve sua conta bloqueada por publicidade irregular. O caso reacendeu o debate sobre a responsabilidade de influenciadores e redes sociais na proteção de menores e a necessidade de regulamentação mais rígida para conteúdos digitais.
O Ministério Público informou que as investigações seguem em duas frentes, em Bayeux e João Pessoa, e que o relatório final do inquérito deve ser apresentado na próxima semana. As vítimas não serão ouvidas novamente para evitar revitimização, e medidas de acolhimento institucional podem ser adotadas, se necessário.
A Justiça segue monitorando o caso, com possibilidade de novos desdobramentos legais, incluindo a emissão de mandado de prisão preventiva por obstrução e a ampliação das investigações para outros envolvidos.