Você já imaginou ver Dona Florinda, a icônica moradora da Vila do Chaves, no centro de uma polêmica digna de novela mexicana? Pois foi exatamente isso que aconteceu. A série Chespirito: Sem Querer Querendo, recém-lançada pela HBO Max, cutucou um vespeiro ao sugerir que Florinda Meza teria vivido um romance às escondidas com Roberto Gómez Bolaños — o Chespirito — quando ele ainda era casado com Graciela Fernández, mãe de seus seis filhos. Resultado? Fãs indignados lotaram as redes sociais e agora prometem ocupar as ruas de Juchipila, no interior de Zacatecas, para pedir a retirada da estátua erguida em homenagem à atriz em 2019.
Das redes para a praça: “quitar la escultura de la vergüenza”
Tudo começou com comentários esparsos, mas a coisa escalou rapidinho. A moradora Diana Rivera Salamanca criou um evento no Facebook marcando protesto presencial na Plaza Principal em 24 de julho, às 19h. A meta? Derrubar o monumento que, segundo ela, “mancha a memória” do município. Até agora, mais de 7 mil pessoas confirmaram presença e outras 43 mil marcaram “interesse”. Quer perspectiva melhor de quão mobilizada essa turma está?
Prefeitura bate o pé: “símbolo histórico”
A administração de Juchipila, claro, reagiu. Em nota oficial, insistiu que a estátua permanece onde está. “Florinda é parte da cultura mexicana e filha ilustre desta cidade”, diz o comunicado. A prefeitura ainda condenou qualquer ato de vandalismo — afinal, ninguém ali quer ver o patrimônio público virar pó no calor da discussão.
Importante lembrar: o monumento não remete ao Chaves, mas à novela Milagro y Magia (1991). Na inauguração, em 17 de janeiro de 2019, a própria Florinda compareceu e agradeceu emocionada: “Sinto-me honrada pela minha gente”, escreveu na época.
Florinda Meza quebra o silêncio
Com a temperatura subindo, Florinda — hoje com 76 anos — resolveu falar. No dia 19, ela usou o Instagram para negar qualquer processo judicial contra a série, mas não poupou críticas ao roteiro: “Vocês inventam histórias como acham que deveriam ser”, disparou. E completou: “Meu nome, minha imagem e minha vida são meus. Quando tiver algo a dizer, vocês saberão por mim”. Direta, não?
A série que reacendeu antigas chamas
Chespirito: Sem Querer Querendo estreou em 5 de junho de 2025 com roteiro assinado por Roberto Gómez Fernández, filho do humorista. Para evitar ações judiciais, os criadores trocaram nomes: Florinda virou Margarita Ruíz (interpretada por Bárbara López) e Quico, por exemplo, atende por Marcos Barragán. Mesmo assim, a trama foca num ponto sensível: o suposto romance iniciado durante uma viagem ao Chile, quando Bolaños ainda era casado. Quem acompanhava os bastidores, como María Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Ramón Valdés (Seu Madruga), é retratado criticando a postura de Margarita. Ingredientes perfeitos para o caldo entornar, concorda?
Quando memória afetiva vira campo de batalha
Não dá para subestimar o peso emocional de Chaves. O programa embalou gerações e atravessou fronteiras. Por isso, qualquer rachadura na imagem de seus personagens vira terremoto. Florinda Meza e Chespirito ficaram juntos de 1977 até a morte dele, em 2014, oficializando o casamento apenas em 2004. A relação sempre foi tema de fofocas, mas nada se compara à atual onda de reprovação pública.
E tem mais: a atriz mantém uma relação distante com os seis filhos de Bolaños, sobretudo depois da disputa pelos direitos autorais que tirou Chaves do ar entre 2020 e 2024. Some a isso uma declaração dela, de 2004, que viralizou recentemente — “Roberto tinha sete defeitos: seis filhos e uma esposa” — e o cenário fica ainda mais inflamado.
Estátua em jogo, legado em xeque
A possível remoção do monumento vai além de uma decisão estética. É um teste de fogo sobre como separam arte e vida pessoal. Se a estátua cair, sinaliza que, para parte do público, a biografia da atriz fala mais alto do que seu legado artístico. Caso ela permaneça, talvez seja um lembrete de que obras culturais sobrevivem a controvérsias — e que nem todo erro pessoal precisa anular conquistas profissionais.
Enquanto a data do protesto não chega, fica a pergunta: Juchipila vai revisar sua história ou abraçar o passado, apesar das rachaduras? Seja qual for a resposta, uma coisa é certa: a vila mais famosa da TV mexeu (e muito) com o coração — e com a moral — de quem cresceu ouvindo o clássico “ai, que burro, dá zero pra ele!”.