No especial do programa ‘Altas Horas’, Caetano Veloso, 83 anos, foi homenageado e aproveitou o momento para falar sobre algo que vai além da música: a diversidade religiosa na família e no Brasil, e suas raízes na Bahia.
O encontro reuniu artistas, fãs e colegas de profissão, mas a conversa saiu do repertório e chegou às histórias pessoais. Caetano falou com simplicidade sobre como crenças diferentes convivem num mesmo espaço — um mosaico de influências que ele observa há décadas.
Religiosidade na família
Sobre os filhos, ele lembrou que, quando eram pequenos, Zeca e Tom se aproximaram da igreja evangélica. Depois, contou que o Tom deixou a igreja, enquanto Zeca segue evangélico. “Eu fico orgulhoso disso”, disse Caetano.
O que chama atenção nesse relato é a naturalidade com que ele descreve essa pluralidade: cada um encontrou seu caminho. Não é só uma questão familiar — é um reflexo do país.
Caetano também comentou a presença da canção gospel "Deus Cuida de Mim", de Kleber Lucas, no repertório da turnê que dividiu com Maria Bethânia. A escolha gerou críticas nas redes sociais, mas para ele foi uma forma de entender melhor o crescimento das igrejas evangélicas e a rica pluralidade religiosa brasileira.
Falando do filho mais velho, Moreno, Caetano destacou outra orientação espiritual: “Moreno sempre foi, diferente de mim, muito religioso, mas com uma visão das antigas religiões clássicas, da Grécia e das religiões orientais”, contou o músico — mostrando que, na mesma família, cabem tradições bem distintas.
Sobre sua própria ligação com a religiosidade afro-brasileira, Caetano afirmou ter um vínculo pessoal com o candomblé e declarou: “Eu sou filho de santo”. A frase resume uma relação íntima e longa com práticas afro-brasileiras.
Por fim, não foram anunciados desdobramentos ou eventos futuros ligados a essas declarações. Ficou, porém, a imagem de uma conversa franca: crença e arte se cruzando sem simulações, num retrato breve do Brasil de hoje.