A família de Preta Gil ingressou com ação de indenização por danos morais contra o padre Danilo César, da Paróquia São José, em Campina Grande (PB), após declarações durante uma homilia que associaram religiões de matriz africana a “forças ocultas” e ironizaram a fé de Preta e de seu pai, Gilberto Gil. O processo, ajuizado na Justiça do Rio de Janeiro, pede R$ 370 mil e é assinado por Gil, sua esposa Flora, irmãos de Preta e o filho da cantora, Francisco, conforme revelado por O Globo e confirmado pelo Metrópoles.
As falas do sacerdote, proferidas em 27 de julho e transmitidas ao vivo, viralizaram nas redes sociais. No vídeo, o padre questiona “cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?” e afirma que católicos que recorrem a “coisas ocultas” deveriam ser “levados pelo diabo”. O conteúdo foi apagado do canal da paróquia, e o perfil do padre saiu do ar, segundo reportagens locais.
Antes da ação, a família já havia enviado notificação extrajudicial à Diocese de Campina Grande, cobrando retratação pública e medidas disciplinares. A Diocese informou que o sacerdote prestaria esclarecimentos às autoridades competentes. O padre foi ouvido pela Polícia Civil e negou ter intenção de desrespeitar outras religiões, dizendo que expressava sua fé a fiéis católicos.
Entidades do movimento religioso e de diversidade registraram boletins de ocorrência e emitiram notas de repúdio, classificando as declarações como racismo religioso e intolerância. A Polícia Civil instaurou inquérito e colheu depoimentos de testemunhas; três BOs foram registrados em cidades da região, de acordo com a imprensa paraibana.
O processo por danos morais tramita na Justiça do Rio de Janeiro e aguarda andamento. Na Paraíba, o inquérito policial segue em curso. A Diocese de Campina Grande afirmou que apresentará esclarecimentos às autoridades; o padre Danilo César nega as acusações de intolerância.