Em 1º de setembro de 1985, uma expedição conjunta da WHOI e da IFREMER localizou os restos do Titanic a cerca de 3,8 mil metros de profundidade no Atlântico Norte. Foi um momento cheio de emoção, mas também de respeito: mais de 1,5 mil pessoas perderam a vida naquela tragédia.
A descoberta
A missão originalmente procurava o submarino nuclear USS Scorpion, perdido em 1968. Mesmo assim, a equipe já suspeitava da possível área do naufrágio do transatlântico. As buscas começaram com sondagens por sonar que, a princípio, não mostraram o navio. Com paciência e semanas de trabalho, os pesquisadores seguiram uma trilha de destroços até a detecção final.
Os registros iniciais traziam imagens impressionantes do leito oceânico, incluindo as enormes caldeiras do navio — cenas que deixaram claro o tamanho e a força do impacto do naufrágio.
“Encontrar o Titanic foi extraordinariamente emocionante, mas, ao mesmo tempo, um pouco angustiante. Mais de 1,5 mil pessoas faleceram no acidente e, com toda a comoção em torno da descoberta, era importante que tivéssemos isso em mente”, disse Stewart Harris, engenheiro‑chefe do projeto ARGO da WHOI.
Tecnologia usada
A expedição de 1985 empregou equipamentos remotos que na época eram de ponta. Entre eles estavam:
- ARGO — um submersível controlado à distância com sonar de varredura e câmeras que transmitiam imagens em tempo real.
- ANGUS — um sistema de câmeras suspenso por cabos, pensado para filmar detalhes dos destroços assim que fossem encontrados.
Essas ferramentas permitiram obter as primeiras imagens nítidas do local e mapear os principais vestígios no fundo do mar.
Explorações seguintes
No ano seguinte, em 1986, a WHOI retornou ao local com o submersível tripulado Alvin e com o veículo remoto Jason Jr.. Eles possibilitaram fotografar o interior de partes da estrutura e coletar dados sobre o grau de deterioração dos destroços.
“O Titanic provou ser um momento crucial na exploração das profundezas do mar. A adição de tecnologia de busca e levantamento de áreas maiores, acoplada ao Alvin, foi uma das primeiras demonstrações efetivas de robôs e humanos trabalhando juntos nas profundezas do oceano”, afirmou Andy Bowen, engenheiro‑chefe da WHOI e criador do Jason Jr.
Por que importa
O balanço da operação foi técnico e também arqueológico. Robert Ballard, coordenador das expedições que localizaram o Titanic, ressaltou o valor histórico do achado: “A descoberta do Titanic abriu um novo capítulo na exploração do fundo do oceano, já que o mar é o maior museu do mundo, com cerca de 3 milhões de capítulos da história humana em suas profundezas, a maioria dos quais aguardando para serem descobertos pela próxima geração de exploradores subaquáticos.”
E o que tudo isso significa hoje? Além de resolver um mistério, a operação mostrou como a combinação entre veículos robóticos e tripulados pode ampliar nosso alcance em ambientes extremos.
Um vídeo raro da operação foi divulgado para marcar as comemorações das quatro décadas da descoberta, reforçando a importância histórica e científica daquela expedição que, com tecnologia de ponta para a época, mapeou e documentou um dos naufrágios mais emblemáticos do século XX.