Um estudo recente publicado no The Astrophysical Journal traz uma descoberta que soa meio surpreendente: cientistas encontraram vórtices magnéticos compactos — parecidos com pequenos tornados — entre o Sol e a Terra, capazes de gerar tempestades geomagnéticas mesmo quando não há grandes erupções solares previsíveis.
O que foi visto
As estruturas, chamadas de cordas de fluxo magnético, apareceram em simulações de alta resolução na borda de uma ejeção de massa coronal (CME) rápida que colidiu com vento solar mais lento. Em vez de serem partes da própria CME, essas cordas se formaram localmente no espaço interplanetário e exibiram campos fortes e relativamente duradouros.
Como conseguiram enxergar
Até então, os modelos dividiam a região entre o Sol e a Terra em blocos enormes, com cerca de 1,6 milhão de quilômetros de lado, o que tornava impossível ver estruturas menores como essas. Para driblar o problema, a equipe usou um método de “zoom” que aumentou a resolução ao redor das trajetórias onde as cordas surgiriam — quase 100 vezes mais detalhado que as simulações anteriores.
Por que isso importa
Como isso pode nos afetar aqui na Terra? As simulações mostraram que os campos gerados por essas cordas de fluxo são suficientes, por si só, para provocar perturbações geomagnéticas. Essas perturbações podem induzir correntes no solo e danificar equipamentos elétricos e eletrônicos, além de afetar satélites.
- Passagem discreta: com satélites únicos medindo apenas um ponto, uma corda de fluxo pode aparecer como uma anomalia rápida e isolada, sem revelar sua verdadeira estrutura.
- Risco para infraestrutura: correntes induzidas podem prejudicar redes elétricas e instrumentos sensíveis.
- Explicação para mistérios: a descoberta ajuda a entender as chamadas tempestades fantasmas que atingiam a Terra sem fonte solar clara.
O que vem a seguir
Os autores destacam que será preciso observar essas estruturas em vários pontos ao mesmo tempo para reconstruí-las em três dimensões, rastrear suas trajetórias e avaliar com precisão os riscos para a Terra. Já existem esforços para planejar missões com medições simultâneas que deem mais confiança às previsões e tempo para ações de proteção.
Em resumo: não é só o Sol explodindo que pode nos criar problemas. Há pequenos redemoinhos magnéticos no caminho que também merecem atenção — e vigilância mais espalhada no espaço para nos proteger melhor.