A Toyota inaugurou a Woven City, uma vila-experimento no Japão criada para ser um laboratório vivo de mobilidade e serviços. Montada na antiga planta Higashi-Fuji, em Susono (Shizuoka), a cidade foi apresentada pela primeira vez na CES 2020 e chamou atenção inclusive fora do país.
O projeto funciona como um espaço seguro para que empresas, universidades e empreendedores — os chamados Inventores — testem produtos e serviços. Moradores e visitantes, apelidados de Weavers, vivem essas soluções na prática e dão retorno direto sobre o que funciona e o que precisa ser ajustado.
O presidente da Toyota, Akio Toyoda, resumiu a ideia com a palavra Kakezan (“multiplicação”): segundo ele, nenhuma empresa cria um Kakezan sozinho; é preciso unir esforços e sorrisos para construir um futuro mais brilhante.
Em setembro de 2025, funcionários do grupo Toyota e suas famílias passaram a morar em Woven City como os primeiros Weavers. A Fase 1 foi projetada para cerca de 300 moradores, e a recepção mais ampla de visitantes foi programada para começar em 2026.
No dia 8 de setembro a Woven City também lançou um programa de aceleração, abrindo chamadas para inventores — entre elas a competição “Woven City Challenge: Hack the Mobility”. As inscrições ficaram abertas até 14 de outubro, convidando startups, universidades e centros de pesquisa do mundo inteiro a participar.
O que testaram
Os experimentos cobriram várias frentes da mobilidade e da infraestrutura urbana. Entre as soluções avaliadas estavam:
- Sistema rodoviário em três níveis no nível do solo: faixas só para pedestres; faixas compartilhadas por pedestres e mobilidade pessoal; e faixas dedicadas a veículos;
- Uma via subterrânea extra para permitir testes independentes do clima;
- Coordenação de sinais que integra veículos, pedestres e infraestrutura;
- Postes multifuncionais para iluminação, sinalização e plataformas de sensores e câmeras.
Várias empresas levaram projetos próprios para testar no local. Entre os destaques estão:
- Daikin Industries — espaços sem pólen e ambientes personalizados;
- DyDo DRINCO — novos conceitos para máquinas de venda automática;
- Nissin — ambientes alimentares para novas culturas alimentares;
- UCC Japão Co — estudo sobre o efeito do café na criatividade e produtividade;
- Zoshinkai Holdings — dados aplicados a métodos educacionais;
- Tecnologias Interestelares — sistema de produção de foguetes;
- Kyoritsu Seiyaku — convivência entre humanos e pets;
- O cantor Naoto Inti Raymi — paisagens sonoras (primeiro de 20 artistas no projeto);
- WbyT — plataforma de entrega e logística.
A própria Toyota trabalhou em três frentes claras: serviços operados por uma plataforma BEV versátil (para atividades como venda de alimentos), mobilidade pessoal com veículos elétricos compactos de três rodas compartilhados e entregas autônomas feitas por robôs que levam veículos compartilhados diretamente aos usuários.
E por que isso importa? Porque testar em escala reduzida permite ajustar tecnologia, interação humana e infraestrutura antes de levar soluções para cidades maiores — um passo prático para reduzir riscos e acelerar adoção segura.
Os organizadores deixaram claro que os experimentos seguiram um cronograma escalonado: a Fase 1 já estava em operação, a abertura gradual a visitantes ficou prevista para 2026, e o programa de aceleração continuaria até a data limite de inscrição já anunciada.