Tem notado a quantidade de SUVs estilosos que tomam conta das nossas ruas hoje em dia? São modernos, imponentes, mas uma pesquisa recente acendeu um alerta importante: eles podem estar tornando as ruas mais perigosas para pedestres e ciclistas, especialmente nas nossas cidades movimentadas.
Um estudo inédito do Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS), lá nos Estados Unidos, revelou um dado preocupante: a visibilidade de curto alcance para quem está ao volante piorou bastante nos carros mais novos. E isso, claro, aumenta os riscos para os usuários mais vulneráveis das vias, seja em qualquer grande centro urbano, inclusive aqui na Bahia.
O Crescimento de um Problema Invisível
Essa investigação surgiu de uma constatação alarmante: nas últimas décadas, o número de mortes de pedestres e ciclistas disparou, enquanto os óbitos de ocupantes de veículos diminuíram. Parece um paradoxo, não é? Diante disso, os pesquisadores levantaram uma hipótese: será que os motoristas estão com mais dificuldade para enxergar quem está bem pertinho do carro, mesmo com toda a tecnologia embarcada?
Para desvendar o mistério, o estudo comparou seis modelos populares fabricados entre 1997 e 2023. Nos sedãs, como o Honda Accord e o Toyota Camry, a perda de área visível foi relativamente pequena, entre 7% e 8%. Mas, nos SUVs, o cenário foi bem diferente e, digamos, assustador.
Pense no Honda CR-V: o modelo de 1997 permitia ao motorista enxergar cerca de 68% da área frontal em um raio de 10 metros. Já no modelo de 2023, essa proporção caiu drasticamente para apenas 28%! Isso significa que o carro mais novo oferece menos da metade da visão que seu “irmão” mais velho. Reduções expressivas, e igualmente preocupantes, foram vistas em outros gigantes como Chevrolet Suburban, Jeep Grand Cherokee e Ford F-150.
Design X Segurança: Onde Está o Ponto Cego?
Os especialistas são claros: o problema está no próprio design. Capôs mais altos, aquelas colunas mais largas ao lado do para-brisa (as famosas colunas A) e até mesmo retrovisores maiores contribuem para criar verdadeiros “pontos cegos” bem na frente dos veículos. Embora a visibilidade ainda seja boa em distâncias maiores (entre 10 e 20 metros, acima de 80%), é justamente essa perda acentuada no campo de visão próximo ao carro que é vital e explica os crescentes perigos para pedestres e ciclistas.
O IIHS, aliás, já desenvolveu um método de medição mais rápido e preciso e promete novos estudos para aprofundar a análise em outros veículos. Embora o relatório não afirme que a visibilidade reduzida seja a única causa do aumento de fatalidades, ele sugere fortemente que o design automotivo atual tem priorizado outros atributos em detrimento da visão de curto alcance. E, no fim das contas, essa é uma questão crucial para a segurança de todos nós no trânsito.